Atual senador será ouvido na tarde desta sexta-feira (23) como testemunha de Augusto Heleno e de outros réus, como o próprio ex-presidente
Apesar de sua proximidade com Bolsonaro e de ter sido vice dele na Presidência da República, o senador Hamilton Mourão (foto) não é citado diretamente na denúncia da PGR (Foto/Creative Commons Attribution)
O ex-vice-presidente da República Hamilton Mourão (Republicanos-RS) presta depoimento na tarde desta sexta-feira (23) ao Supremo Tribunal Federal (STF) como testemunha no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2022.
Embora tenha sido chamado para depor a favor do ex-ministro Augusto Heleno, Mourão também será questionado pela defesa de outros envolvidos, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o ex-ministro Walter Braga Netto.
Apesar de sua proximidade com Bolsonaro e de ter sido vice dele na Presidência da República, Mourão não é citado diretamente na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). A peça acusatória aponta envolvimento do ex-presidente e de aliados em uma trama para tomada de poder à força após derrota nas eleições presidenciais..
Hamilton Mourão já se manifestou publicamente sobre o tema, minimizando o que seria o plano golpista, que classificou como “sem pé nem cabeça”. Em novembro de 2024, ele declarou: “Não houve apoio expressivo das Forças Armadas. Não houve movimentação de tropas. Essas pessoas nem tinham comando militar para agir”.
Testemunhas de defesa e controvérsias
Além de Mourão, outras seis testemunhas serão ouvidas nesta tarde, incluindo o atual comandante da Marinha, almirante Marcos Olsen, e o ex-ministro Aldo Rebelo, que já havia minimizado a gravidade da tentativa de golpe, tratando-a como uma "fantasia" de oposição política.
O almirante Olsen havia solicitado o cancelamento de seu depoimento, alegando desconhecimento dos fatos, mas o pedido foi negado pelo ministro Alexandre de Moraes. Olsen ocupa cargo estratégico, e sua defesa alega que não houve qualquer ordem para mobilizar tropas, o que é central na defesa de Almir Garnier, réu no processo.
Sessões de depoimentos seguem até junho
As oitivas, que acontecem por videoconferência, devem seguir até o dia 2 de junho. Na manhã desta sexta-feira (23), foram ouvidos um depoente indicado pela defesa do ex-diretor da Abin no governo Bolsonaro e deputado federal Alexandre Ramagem e um de Braga Netto. Este momento do processo marca o início das audiências de defesa, após uma série de depoimentos de acusação e do delator tenente-coronel Mauro Cid.
Fase de defesa e implicações no julgamento
A fase atual de escuta das testemunhas segue um protocolo onde a defesa inicial faz as perguntas, mas outras partes, incluindo PGR e ministros da Primeira Turma do STF, podem também interrogar os depoentes. Já foram ouvidas 12 das 80 testemunhas do chamado "núcleo 1" da investigação, que é considerado o grupo central da tentativa de golpe.
Após a conclusão das oitivas, Moraes deve agendar os interrogatórios dos réus, etapa final antes do julgamento. Em março deste ano, Bolsonaro e outros sete réus foram formalmente acusados de envolvimento na trama golpista, que inclui acusações de organização criminosa armada, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e danos qualificados.
Fonte: O Tempo