POLÍTICA

Decreto em Uberaba: regras podem e vão endurecer se as pessoas não colaborarem, diz prefeita

Larissa Prata
Publicado em 10/02/2021 às 11:28Atualizado em 19/12/2022 às 04:53
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Prefeita pede a colaboração das pessoas nesses próximos 15 dias para evitar mais restrições em novo decreto. Em entrevista ao Pingo do Jota da Rádio JM desta quarta-feira (10), Elisa Araújo comentou as novas regras e determinações municipais e disse reiteradas vezes que a população precisa fazer a própria parte para que imposições ainda mais duras sejam evitadas em Uberaba. Para ela, o momento agora é de união e colaboração, pelo menos nos próximos 15 dias, que é a vigência inicial do Decreto 222/2021.

Fazendo sincero mea culpa, a prefeita admitiu erros em determinações anteriores e justificou que ajustes são sempre necessários para se verificar, na prática, o que se idealiza na teoria. Entre eles, o horário de funcionamento do comércio, que impacta também a questão dos ônibus em Uberaba. Elisa explicou que as concessionárias de transporte coletivo já haviam disponibilizados mais veículos, mas que havia um intervalo de tempo entre um e outro que fariam a mesma linha e foi justamente devido a esse espaço temporal que a medida não funcionou. Mas é otimista ao trazer uma nova solução no decreto atual.

“No decreto anterior, a abertura do comércio mais tarde e o fechamento também mais tarde foram sugeridos com o objetivo simples de evitar aglomeração nos horários de pico do transporte público. Porém, as pessoas continuaram tomando ônibus ali nos mesmos horários e se concentraram na frente dos comércios. Então não funcionou e nós retomamos o comércio para o horário normal e colocamos até as 18h porque nós entendemos que a maioria deles fecha entre 17h e 18h, então a gente vai concentrar os esforços de fiscalização dentro desses períodos de pico. Daí a gente solicitou às empresas que aumentassem os ônibus, mas que eles chegassem na sequência. Por exemplo, vou tomar um ônibus na Praça Rui Barbosa que vai para o Morumbi. Se eu sou usuária do transporte público, tomo o ônibus e não sei que vai chegar outro daqui 5 minutos, a maioria das pessoas vai se aglomerar ali dentro deste primeiro ônibus. Então a ideia é, a gente pediu às empresas de ônibus para que os dois ônibus cheguem juntos para que o usuário perceba que tem dois ônibus ali para ele e não aglomere no primeiro”, explicou Elisa.

Mas isso não significa que Uberaba vai permanecer com a mesma frota, segundo a prefeita. “Desde o início da nossa gestão nós já havíamos negociado com eles (concessionárias do transporte coletivo) e eles já haviam disponibilizado alguns ônibus a mais, mas acontecia esse detalhe do tempo entre um ônibus e outro, o que não resolveu de fato, na prática, o objetivo de colocar mais um ônibus. A ideia é que eles incrementem ainda mais sim, principalmente naquelas linhas mais povoadas, mais populosas, por exemplo, nós temos ali na região do Morumbi quase 30 mil pessoas residindo, então é uma região que a gente sabe que tende a aglomerar. A gente já tem isso mapeado e estamos estruturando a nossa fiscalização e a nossa orientação para que os usuários tenham segurança na hora de andar e não aglomerar não só dentro dos ônibus como também no ponto de ônibus”, avalia a chefe do Executivo.

Outro ponto bastante sensível do novo decreto diz respeito à proibição de confraternizações mesmo em ambiente familiar e ao fechamento “precoce” de bares e restaurantes, setor que a própria prefeita admite ser o que mais sofre com a pandemia. “Tenho uma luta muito grande com essa classe, porque entendo o momento que eles passam”, diz ela, que pondera, sobretudo, que apesar de muitos estabelecimentos terem se conscientizado quanto à necessidade de adoção das medidas de biossegurança, tantos outros insistem no desrespeito às regras e esses “acabam virando vitrine”, nas palavras da prefeita. Elisa, inclusive, revelou que tem participado pessoalmente da fiscalização, percorrendo alguns estabelecimentos do setor. “A gente teve que tomar essa atitude devido a uma pressão mesmo por conta de algumas pessoas que não cumprem (as regras)”, explicou.

Contudo, proprietários de bares e restaurantes têm lamentado a decisão de fechar os estabelecimentos, uma vez que, na avaliação deles, esse fechamento abre as portas das residências das pessoas para a aglomeração em casa, onde a fiscalização não chega, mesmo com a proibição do decreto municipal.

“(O decreto) Proíbe. Mas infelizmente não dá para a fiscalização entrar na casa das pessoas. A gente conta com a compreensão e com o bom-senso de toda a população para não se aglomerar. São apenas dois finais de semana e a gente espera que a população se engaje nesse enfrentamento. Eu concordo plenamente com o setor de que realmente fechando os bares se perde o controle, leva a aglomeração para dentro das casas, mas existe uma pressão muito grande da população em relação aos bares e restaurantes. O que eu sofri nesses últimos dias é o seguinte: eles entendem que as pessoas estão se aglomerando na rua e a culpa é minha. Eles entendem que estou sendo negligente em não tomar alguma atitude. Nós estamos contando com a compreensão de todos”, diz a prefeita.

Ela continua e apela ao respeito, à conscientização e ao bom-senso da população para apertar os cintos nesses próximos 15 dias. “Nós vamos ter que conviver com o vírus. Por mim não fecharia os bares, na verdade estenderia o horário, que a gente teria condição de ver as pessoas nos locais corretos, se confraternizando nos locais corretos, com segurança. É o que a gente tem visto em várias outras cidades. Mas ao mesmo tempo o que a gente tem visto é que boa parte da população não está cumprindo essas regras nem mesmo nos estabelecimentos. Então fica uma falta de equilíbrio muito grande. A gente não consegue ter braço para fiscalizar tudo. A gente conta é com a compreensão. A gente percebe que as pessoas perderam o medo da doença e a doença está cada vez mais agressiva, tendo as suas variações. Nós estamos tendo pacientes com recaída, pacientes já considerados curados voltando para o hospital, sendo internados e muitas vezes vindo a óbito. Eu quero relembrar que ontem nós tivemos o nosso recorde de óbitos por dia. Nós tivemos sete óbitos só ontem. Então é um momento muito delicado. Eu recebi várias ligações nos últimos dias de vários prefeitos, desesperados com o seu sistema de saúde colapsado e eu sinceramente não gostaria de passar pelos que eles passaram. Nós estamos desde o início enfrentando muito bem, controlando o nosso sistema de saúde. Estou buscando recursos e melhorias para a nossa rede de saúde, ampliar o nosso Hospital Regional, que tem capacidade de ser ampliado, para a gente poder trabalhar de forma mais confortável e estamos fazendo tudo que é possível da parte do poder público para a gente evitar um outro decreto que feche tudo. Eu gostaria que, passados esses 15 dias e a gente conseguindo diminuir esses números, a gente reabra os bares e restaurantes, por exemplo, sem determinação de hora para fechar. Esse é o ideal que eu busco. Mas, para isso, nesses dois finais de semana a gente precisa estar junto aí nesse enfrentamento. Eu conto com a compreensão de todas. Eu sei que não é fácil. Tomar uma decisão dessa eu tenho certeza absoluta que muitas pessoas vão entender que não foi a correta, mas existem números”, insiste Elisa. “Estamos fazendo tudo que é possível para evitar um outro decreto que feche tudo (...) Espero que a população entenda esse momento, seja parceira, que esteja em casa nos fins de semana e trabalhe durante a semana”.

Estudos da UFTM indicam que pandemia segue crescendo exponencialmente Confira a entrevista da prefeita Elisa Araújo na íntegra:

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