POLÍTICA

Flexibilizações trazem falsa sensação de que está tudo bem na saúde municipal, critica enfermeira

Joanna Prata
Publicado em 19/04/2021 às 11:50Atualizado em 18/12/2022 às 13:07
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Circula pelas redes sociais desde domingo (18) manifesto assinado por profissionais de saúde e servidores municipais, dentre médicos e enfermeiros, em repúdio às flexibilizações trazidas pelo decreto municipal em vigência, publicado oficialmente na noite de sexta-feira (16). Os manifestantes ainda criticam a falta de representantes dentro do Comitê Técnico e Científico de Enfrentamento ao Covid. 

À reportagem do Jornal da Manhã, a enfermeira Priscila Amaral explicou que o movimento é apoiado pelo Sindicato de Servidores Públicos da Prefeitura Municipal de Uberaba (SSPMU) e pelo Conselho Regional de Enfermagem (Coren). Atuante da linha de frente contra a Covid-19 na cidade, Priscila é uma das organizadoras do movimento, que conta com a adesão de cerca de 60 técnicos de enfermagem e enfermeiros e 38 médicos da rede municipal.

A enfermeira considera prematura a flexibilização e o retorno das atividades de vários setores trazidos pelo decreto municipal. “A gente identifica que é necessário, que as pessoas precisam trabalhar, mas para nós da saúde (a situação) é preocupante ainda”, considera Priscila. A profissional diz que essa mudança para uma onda mais flexível traz uma falsa sensação que está tudo bem na rede de saúde municipal. “E infelizmente não está bem ainda”, pontuou. 

Priscila Amaral alerta aqueles que não seguem as normas sanitárias de distanciamento e se aglomeram assumem o risco de encontrar um sistema de saúde sobrecarregado, com hospitais lotados e com falta de medicamentos. “O sistema segue sobrecarregado, a gente não para de notificar novos casos”, disse Priscila.

Na opinião da enfermeira, o primeiro atendimento emergencial àqueles que chegam nas unidades básicas de saúde é eficiente em Uberaba. “A gestão do doutor Sétimo nesse ponto tem se esforçado muito”, opina a enfermeira sobre o trabalho do secretário de saúde Sétimo Boscolo. Ela também disse que não tem faltado testes PCR e que todos que apresentam sintomas são testados.

Porém, o comentário sobre o atendimento de pacientes feito pelo chefe da pasta em entrevista à Rádio JM na semana passada não foi bem recebido pelos profissionais que assinam o manifesto. Durante o Pingo do J, Bóscolo pontuou que um profissional de saúde consegue atender de 25 a 30 pacientes em um turno de cinco horas de trabalho. Mas a realidade é bastante diferente da retratada pelo secretário, segundo Priscila. Ela diz que, de acordo com os boletins das unidades, são feitos por volta de 10 a 12 atendimentos médicos por turno.  

Além disso, no ponto de vista da enfermeira, a centralização de atendimentos covid em uma única unidade aos finais de semana tende a sobrecarregar as duas UPAs do município pela questão de mobilidade da população. “Na teoria as pessoas acabam indo onde está mais próximo e a atenção básica precisa estar mais descentralizada”, avalia Priscila. A proposta foi apresentada ainda na semana passada tanto pela prefeita Elisa Araújo (Solidariedade) quanto pelo secretário Sétimo Bóscolo, que anunciaram a transformação na Unidade Matricial de Saúde Roberto Árabe Abdanur em exclusiva para atendimento Covid a partir desta segunda-feira (19). Importa ressaltar, ainda, que todas as unidades básicas de saúde continuam recebendo pacientes com sintomas gripais de segunda a sexta-feira.

Essas situações de insatisfação dos profissionais de saúde que estão na linha de frente da covid e Secretária de Saúde poderiam ser resolvidas com um representante do setor dentro do Comitê Técnico e Científico de Enfrentamento ao Covid. O nome de Priscila Amaral foi indicado entre representantes dos médicos e enfermeiros e a solicitação foi enviada para a secretária de governo, Indiara Ferreira, mas a enfermeira disse que ainda não teve retorno. “A gente não  está vendo o Comitê de forma operante, pelo menos para nós está muito obscuro, o que está acontecendo? Quem está tomando as decisões?”, questionou a enfermeira. Ela levanta o ponto do comitê não ter um infectologista entre seus representantes: “Aliás, hoje não temos um representante de Infectologia no município e isso é algo que nos preocupa muito”. 

O movimento entre os profissionais de saúde começou com um ato organizado no começo deste mês após o falecimento do enfermeiro Genezio Candido do Nascimento. Após esse primeiro ato, os profissionais foram recebidos pelo secretário de saúde e pela secretária de governo. “Fomos muito bem ouvidos em uma reunião longa, ainda não tivemos retorno. Estamos no aguardo”, finalizou Priscila Amaral.

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