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Especialista dá dicas para não sofrer com a felicidade alheia no Dia dos Namorados

Joanna Prata
Publicado em 11/06/2025 às 16:28Atualizado em 12/06/2025 às 05:34
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(Foto/Ilustrativa)

Inveja é mesmo um sentimento horroroso. Mas inerente à nossa condição de seres humanos. Até os solteiros por convicção podem sentir aquele “rancinho” do excesso de amor exalado nas redes sociais no Dia dos Namorados. Daquele casal que a gente sabe que briga todo dia. Daquele outro que vive no celular quando sai para jantar. Ou daquele outro, que já virou amigo porque está há muito tempo junto. E quando você percebe, já está com ranço de novo… Mas veja, há como sobreviver à felicidade alheia nesta (e em todas as outras) datas.

Para quem está vivendo o fim de um relacionamento, o Dia dos Namorados pode bater mais forte. A psicóloga Carolina Silvério Borges, formada pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e que atua pelo viés psicanalítico, explica que a data pode ser difícil porque “o ambiente, marcado por demonstrações públicas de afeto e cobrança subjetiva, pode trazer à tona reflexões individuais e internas para as quais o sujeito talvez ainda não esteja preparado para lidar”. Ela afirma que essa exposição pode reabrir a ferida do luto amoroso e desencadear sentimentos como “falha, indignação, raiva, tristeza e melancolia”.

E quando a tristeza parece não ter fim, surge a dúvida: existe um tempo “normal” para sofrer? Segundo Carolina, não. “Como todo psicólogo responderia ao questionamento sobre normalidade x anormalidade: ‘depende’. Não diria que existe um tempo certo para se superar um término, diria, inclusive, que uma elaboração bem feita dá trabalho e leva bastante tempo (interno e subjetivo).” Ela também aponta sinais de alerta que diferenciam o luto saudável de algo mais sério: “Um bom parâmetro que pode auxiliar a discernir uma tristeza esperada pelo rompimento de um ciclo e uma depressão, por exemplo, é o prejuízo funcional nas atividades cotidianas e a perda de sentido na vida de maneira geral.”

E se você sente que o sofrimento aumenta ao ver o feed tomado por casais sorrindo, jantando à luz de velas ou trocando declarações de amor, saiba que isso tem nome — e explicação. “Hoje em dia as redes sociais, principalmente, operam um efeito interessante no nosso imaginário. Geram a sensação daquele velho ditado: ‘a grama do vizinho é sempre mais verde’”, diz Carolina. Ela reforça que “é importante que fiquemos atentos a interpretações rasas da vida alheia”, lembrando que o que aparece online “é apenas um recorte, na maioria das vezes editado, da realidade”.

Então, como lidar com essa mistura de dor, comparação e pressão para estar feliz? Para a psicóloga, o caminho é o acolhimento, não a negação. “Acredito que o único caminho é olhar para dentro e procurar se acolher nesse momento. Não lute contra a dor tentando se endurecer demais. Permita-se momentos de recolhimento, choro, quietude — mas em contextos que não te desorganizem.” Ela também sugere buscar “pessoas e espaços com os quais você se sinta acolhido: amigos íntimos, grupos terapêuticos, ou até espaços criativos (escrever, desenhar, ouvir música)”.

O Dia dos Namorados pode, inclusive, se transformar em um dia de autocuidado e recomeço. “Transformar o Dia dos Namorados em um momento de autocuidado pode significar para alguns tentar ignorar a data e para outros encarar mais explicitamente os sentidos e sentimentos que o momento evoca e tentar investi-lo de outra conotação.” Nesse processo, o mais importante é encontrar o que for mais sustentável para você.

Por fim, Carolina lembra que “no mundo psíquico, tudo é investimento de energia”. O término dói porque significou muito — e essa energia pode ser reinvestida. “É importante integrar o que de interessante restou do parceiro(a) em você, mas também entender quem você quer ser agora que pode ser só.” Uma aula que sempre quis fazer, retomar contato com um amigo antigo ou experimentar uma transformação pessoal são formas de usar esse momento como redescoberta. Afinal, como ela pontua, “o momento é de experimentação e descoberta — talvez surjam coisas interessantes desse processo”.

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