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Boletim inédito revela perfil das vítimas de sinistros de trânsito em Uberaba

Juliana Corrêa
Publicado em 12/06/2025 às 21:50Atualizado em 13/06/2025 às 09:20
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A maioria dos sinistros aconteceu entre sexta-feira e domingo (FotoDivulgação)

A maioria dos sinistros aconteceu entre sexta-feira e domingo (FotoDivulgação)

A Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba divulgou, nesta quinta-feira (12), o primeiro Boletim Epidemiológico sobre Violência no Trânsito, elaborado pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica. O documento reúne dados referentes aos atendimentos realizados entre janeiro de 2023 e dezembro de 2024 em hospitais e unidades de pronto atendimento (UPAs) do município e contabiliza mais de 3 mil notificações durante o período.

Com a publicação, os sinistros de trânsito passam a integrar oficialmente a lista de agravos de notificação compulsória no âmbito municipal. A iniciativa tem como objetivo subsidiar ações de prevenção e qualificação da assistência, além de informar profissionais da saúde, gestores e a população sobre o perfil dos casos registrados. O boletim está disponível neste link e foi lançado em alusão ao movimento Maio Amarelo, que promove a segurança viária.

Durante o período analisado, foram registradas 3.059 notificações de vítimas de sinistros de trânsito. A maioria dos casos ocorreu entre sextas e domingos, com destaque para os atendimentos realizados no Hospital Regional José Alencar e no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM). Este último passou a integrar o sistema de notificação a partir de setembro de 2023 e concentrou o maior número de registros desde então.

O perfil das vítimas indica predominância de homens jovens, com idades entre 20 e 29 anos, principalmente condutores de motocicletas — que representaram 67% das ocorrências. Entre as vítimas, 77% eram condutores, 14,4% passageiros e 3,9% pedestres. A maioria (85%) dos atendidos reside em Uberaba.

As lesões mais comuns foram fraturas, contusões e escoriações. Também houve registros de politraumatismos e amputações. No período, foram contabilizadas 154 mortes em decorrência de sinistros, sendo 69 em 2023 e 85 em 2024. O aumento de óbitos foi mais expressivo entre os homens.

O boletim aponta ainda que 21% dos casos ocorreram durante o deslocamento entre casa e trabalho. No entanto, em 32% das notificações essa informação não foi preenchida, o que reforça a necessidade de aprimorar a coleta de dados.

Segundo a coordenadora técnica da Vigilância das Violências, Raissa Mazeti, a inclusão dos sinistros de trânsito como agravo notificável representa um avanço para a vigilância epidemiológica. Ela destaca que a construção do boletim foi possível graças à adesão progressiva dos serviços de saúde ao sistema de notificação a partir de 2023.

A mudança no uso do termo “acidente” para “sinistro”, conforme norma da ABNT (NBR 10697/2020), também é destacada no documento, por enfatizar que muitos desses eventos podem ser prevenidos. A publicação dialoga ainda com os dados nacionais: entre 2019 e 2023, o Brasil registrou mais de 4,6 milhões de sinistros e mais de 20 mil mortes no local das ocorrências, segundo o Registro Nacional de Estatísticas de Trânsito (RENAEST).

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