Uberaba registrou uma leve queda no número de pessoas em situação de rua, segundo levantamento divulgado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Seds). O estudo identificou 270 pessoas vivendo nas ruas, número inferior ao do último diagnóstico realizado em 2022, que apontava 286 indivíduos nessa condição.
Em entrevista à Rádio JM, o secretário municipal de Desenvolvimento Social, Ernani Neri, havia adiantado o perfil da pessoa em situação de rua em Uberaba: maioria formada por homens, maioria vive nas ruas há mais tempo e há, entre essa parcela da população, pessoas que sofreram violência patrimonial em suas famílias.
A pesquisa oficial foi publicada na sexta-feira (27), detalhou o perfil dessa população e traz informações importantes para o planejamento das políticas públicas locais. A maioria dos moradores em situação de rua é composta por 250 homens, contra 15 mulheres e duas pessoas que se declararam transgêneros. A faixa etária predominante está entre 18 e 59 anos, com 254 pessoas, enquanto 16 têm mais de 60 anos.
Dados apresentados:
De acordo com o estudo, o uso abusivo de álcool e drogas está presente em 263 dos entrevistados, seguido por conflitos familiares ou com companheiros, com 141, perda de moradia, com 59 pessoas, e desemprego, com 19 respostas. Apenas cinco afirmaram estar na rua por opção própria.
Outro aspecto relevante do diagnóstico é o tempo em que essas pessoas permanecem nas ruas. No total, 122 vivem nessa condição há pelo menos cinco anos, enquanto 78 estão na rua entre um e cinco anos, e 70 há menos de um ano. Apesar da situação difícil, muitos mantêm algum vínculo familiar, ainda que fragilizado. Dos entrevistados, 83 disseram manter contato, 81 têm contato ocasional e 63 declararam vínculos rompidos.
A pesquisa também abordou o acesso aos serviços públicos. O Centro POP (Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua) é o local mais procurado, com 257 pessoas utilizando o serviço. Unidades de acolhimento institucional, Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) e Consultório na Rua também são referências importantes para o grupo.
Em relação aos benefícios sociais, 62% recebem algum auxílio, sendo o Bolsa Família o mais frequente, com 120 beneficiários. Outros recebem BPC, aposentadoria e auxílio-doença, embora 103 afirmem não contar com qualquer tipo de apoio. Já no que diz respeito à saúde, 212 entrevistados consideram sua condição boa, enquanto 54 apontam saúde debilitada, e quatro muito debilitada.
Políticas públicas
Segundo o secretário de Desenvolvimento Social, Ernani Neri, o levantamento é fundamental para aprimorar a rede de atendimento. “O estudo oferece uma radiografia precisa da população em situação de rua, possibilitando ações mais focadas na reintegração social e no respeito à dignidade dessas pessoas”, afirmou. Ele destacou ainda a importância da articulação entre Saúde, Desenvolvimento Social e outras áreas para enfrentar os desafios, especialmente a dependência química, que requer atenção contínua e integrada.
O levantamento reforça dados preliminares apresentados anteriormente em parceria entre a Seds e a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), que apontavam que, além da predominância masculina, a população em situação de rua em Uberaba apresenta grande diversidade, inclusive com pessoas que possuem nível superior completo.
O diagnóstico vem desenvolvendo desde 2017, buscando entender as fragilidades do sistema e melhorar a assistência. Com base nos dados, o poder público pretende fortalecer os serviços existentes e planejar novas ações para atender essa parcela vulnerável da população.