DIAGNÓSTICO

População em situação de rua é predominantemente masculina em Uberaba

Diagnóstico será apresentado nesta sexta e aponta dados como nível superior de escolaridade entre os moradores em situação de rua e também a violência patrimonial sofrida por alguns deles

Dandara Aveiro
Publicado em 26/06/2025 às 15:07
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O diagnóstico sobre a população em situação de rua em Uberaba, desenvolvido em parceria entre a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Seds), será apresentado à comunidade nesta sexta-feira (27). Antes mesmo da finalização oficial do estudo, o secretário, Ernani Neri, adiantou alguns dados preliminares que já indicam importantes desafios e tendências. Entre eles, que a população em situação de rua em Uberaba é predominantemente masculina. O secretário ainda destacou que há pessoas com nível superior de escolaridade nesta parcela da população e que muitos sofrem violência patrimonial dentro do seio familiar.  

Em entrevista à Rádio JM, Ernani destacou que a quebra de vínculos familiares aparece como um dos principais fatores que levam as pessoas a viver nas ruas. "O que a gente mais tem ouvido são relatos de problemas dentro de casa, situações de abandono, violência patrimonial e conflitos familiares, que acabam sendo gatilhos para que essas pessoas saiam de casa e vão morar nas ruas", afirmou. 

Em relação ao perfil dessa população, a maioria é formada por homens. Segundo o secretário, essa predominância deve ser analisada em conjunto com a equipe da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para melhor compreensão das causas. Outro dado que chama atenção é o nível de escolaridade de parte desse público. "Temos pessoas com curso superior completo, o que mostra que o alcoolismo e a dependência química não têm classe social nem idade", ressaltou Ernani, enfatizando a heterogeneidade do grupo. 

O tempo de permanência nas ruas também se destaca como um fator relevante. Cerca de metade das pessoas já vive nessa condição há vários anos, o que impacta diretamente nas estratégias de atendimento. "O trabalho com quem está há mais tempo nas ruas é diferente. Exige uma abordagem mais psicológica e terapêutica, porque a reinserção social e familiar é mais difícil, embora não seja impossível. Já quem chegou mais recentemente costuma ter mais facilidade de retorno. Mas tudo depende da característica de cada caso, não é regra", explicou. 

Além do acolhimento emergencial, a Seds trabalha com uma sequência de etapas para promover a reinserção social dessas pessoas. O primeiro passo é o acolhimento, seguido pelo rastreamento da vida pregressa, inclusive criminal. Em seguida, algumas pessoas são encaminhadas para a unidade conhecida como "República", onde começam a preparação para a reintegração à sociedade. 

"A partir da ‘República’, iniciamos um trabalho de articulação com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e com o Sine Municipal para tentar inserir essas pessoas no mercado de trabalho", explicou Ernani. Ele também destacou a participação de empresários locais que têm oferecido oportunidades de emprego para essas pessoas. 

O estudo será concluído nesta semana, com foco na definição de soluções práticas. Após, o diagnóstico completo deve servir de base para orientar futuras ações e políticas públicas voltadas a esse público em Uberaba.

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