Assim como se pode avisar a família sobre o desejo de doar os órgãos para garantir uma vida melhor a outras pessoas, existem outros tecidos ainda um tanto desconhecidos, mas que também podem ser doados. Basta que o doador se manifeste ainda em vida. A odontologia tem avançado em técnicas e tecnologias para tratamentos dentários, mas até essa área depende da doação de ossos. Neste período que antecede as festas de fim de ano e as férias, a demanda por tratamentos dentários e estéticos cresce. De acordo com o cirurgião-dentista, José Tarcísio Borges, esses tratamentos só são possíveis com a conscientização da população. O especialista em implantodontia explica que quando uma pessoa perde um ou mais dentes, perde a função e pelo movimento das mandíbulas acaba tendo perda óssea importante, ou pode até mesmo sofrer atrofia. “E o enxerto ósseo é uma das técnicas que garante maior sucesso à implantodontia”, e lembra que em muitos casos é a solução. No entanto, os ossos usados nesta técnica vêm de um banco mantido por meio de doações. Pesquisas tentam descobrir novos meios de criar um produto que substitua o osso, ou o faça crescer, mas ainda sem sucesso. “Por isso, a grande necessidade de doadores”, afirma. Estudos têm produzido proteínas chamadas morfogenéticas, que favoreceriam o crescimento ósseo, ainda com pouco êxito. Para pequenos enxertos ainda são usados ossos bovino liofilizado ou materiais sintéticos. “Mas o melhor material para enxerto ósseo ainda é o retirado do próprio corpo do paciente, o que é difícil, por necessitar de mais uma cirurgia”, revela Tarcísio, lembrando a possibilidade de aumentar as ocorrências de complicações. No Brasil, as atenções se voltam para o Banco de Ossos, que atende às inúmeras exigências da lei que controla a doação de tecidos e órgãos doados no país. “A disposição de doar de apenas uma pessoa permite atender até 300 pacientes, mas o número de doadores atualmente é insuficiente para atender a demanda”, afirma o especialista. O cirurgião-dentista explica que as pessoas devem entender que para ser doadoras não adianta deixar uma carta ou um documento com essa disposição. “O doador deve avisar à família, que é quem autorizará a remoção”, frisa.