Fracionamento de remédios tem aceitação lenta

Há mais de cinco anos, as farmácias e drogarias de todo o país tem a opção de vender remédios de forma separada. Porém, pesquisa divulgada na quinta-feira, 4, pelo Instituto Ethos e pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor mostram que dificilmente se consegue comprar remédios desta forma. Das 49 farmácias localizadas em Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, nenhuma comercializava medicamentos de forma fracionada.

Para a farmacêutica Renata Cunha Frange, além de um benefício para o bolso do consumidor, o fracionamento de medicamentos traz outras vantagens. “Favorece a diminuição do risco por ingestão errônea e evita o acúmulo de medicamentos em casa”, explica.

Já o levantamento realizado pela reportagem do Jornal da Manhã mostra que 5 das 6 farmácias e drogarias pesquisadas comercializavam pelo menos um remédio de forma fracionada. Para Ana Maria Pires, proprietária de farmácia localizada no bairro universitário, os principais medicamentos comercializados de forma fracionada são analgésicos, antieméticos e antitérmicos. “O consumidor também pode comprar remédios manipulados, que são produzidos na quantidade receitada”, conta.

A farmacêutica Renata ainda acredita que, para as farmácias, o fracionamento é um processo de lenta aceitação. “As farmácias é que têm de se adequar ao processo de fracionamento, pois as indústrias continuam a enviar os remédios em caixas”, afirma.

Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estimam que 20% dos remédios comprados nas farmácias acabam indo para o lixo. Em um ano, R$ 20 bilhões em medicamentos são descartados por algum motivo. Projeto de lei em tramitação desde 2006 no Congresso Nacional prevê a obrigatoriedade da venda fracionada.