“Dislexia não é uma doença, é um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem. As atuais pesquisas, obtidas através de exames por imagens do cérebro, sugerem que os disléxicos processam as informações de um modo diferente. Pessoas disléxicas são únicas, cada uma com suas características, habilidades e inabilidades”. Com esta afirmação, o neuropediatra Alfredo Leboreiro Fernandez abriu o evento “CIES em Debate - Dislexia: do diagnóstico à intervenção”, realizado no sábado, 11, no anfiteatro da Universidade de Uberaba (Uniube). O especialista ressalta que o transtorno é a falta de habilidade na linguagem, que se reflete na leitura e que em nada se relaciona com a baixa inteligência. “Há uma lacuna entre a habilidade de aprendizagem e o sucesso escolar. A dislexia não é um problema comportamental, psicológico, de motivação ou social”, afirma. Para a psicóloga Márcia Maria Barreira e a psicopedagoga Tânia Maria de Campos Freitas, ambas da Associação Brasileira de Dislexia (ABD), é importante que pais, professores e profissionais da saúde trabalhem juntos para ajudar os disléxicos, que somam cerca de 3% a 7% da população. “Esta incapacidade do sistema nervoso central, quando não tratada, causa prejuízos emocionais à criança, ao adolescente e ao adulto, como impulsividade, agressividade, medo, ansiedade e até mesmo a morte, em casos extremos”, explicou a psicopedagoga Tânia Campos. Professora há 13 anos,
Heliete Antunes Alves veio de Conceição das Alagoas para o evento. “Trabalho com crianças de cinco a oito anos e, diariamente, percebo suas dificuldades no aprendizado. Assim como a escola, a família tem um papel de grande importância no desenvolvimento. Ambos devem conhecer as características do disléxico, respeitando seus limites e valorizando seu potencial”, destaca a educadora. No caso dos disléxicos, o hemisfério lateral direito é mais desenvolvido do que o dos leitores normais, o que significa um desenvolvimento de outros potenciais. Fazem parte da inteligência a sensibilidade às artes, ao atletismo, à mecânica, criatividade na solução de problemas, entre outros. De acordo com a pedagoga especial, Marisa Helena Silva, o que acontece é que o disléxico tem um ritmo diferente, portanto não se deve submetê-lo a pressão de tempo ou competição com os colegas. Por desinformação, a dislexia é uma das causas da evasão escolar e do analfabetismo funcional. “É importante estimular o disléxico a acreditar em sua própria capacidade. Com métodos adequados, muita atenção e carinho, a dislexia pode ser derrotada”, completa a pedagoga.