Lula elogia Pacheco e cobra respeito de Zema pelo projeto de renegociação da dívida dos Estados

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exaltou o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ex-presidente do Senado, e voltou a trocar farpas com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sobre o Propag, programa que refinancia a dívida dos Estados com a União, sancionado por ele em janeiro.

Em entrevista a radialistas, Lula apontou Pacheco como o principal responsável pela aprovação da lei que vai servir como base para a renegociação da dívida de Minas, hoje estimada em mais de R$ 160 bilhões O presidente é um aliado do senador, cotado para assumir um ministério no governo nas próximas semanas.

"Sou muito agradecido ao Pacheco, porque o acordo pela dívida de MG só aconteceu por causa do Pacheco, porque ele se dedicou para que a gente pudesse concluir esse acordo", disse.

Por outro lado, Lula afirmou ser “muito estranho” que Romeu Zema tenha feito críticas ao Propag, citando que antes, o Estado tinha dificuldade para pagar “até a taxa de juros” e que agora, parte da dívida não quitada será revertida em investimentos.

“O que eu acho é que o governador deveria apenas respeitar que nós fizemos uma coisa que eles não conseguiram fazer. É importante dizer para o povo mineiro que o [ex-governador] Pimentel pagava a dívida, conquistou na Justiça o direito de não pagar. [...] Agora que ele [Zema] tem que pagar, é importante que ele compreenda que o Propag é um acordo muito bom”, declarou.

Após a sanção da lei, Zema criticou os vetos do presidente Lula, afirmando que o governo queria colocar repassar para o estados “a conta de sua gastança”. O governador já articula com parlamentares no Congresso pela derrubada dos vetos.

“Eu fiz um veto em tudo o que a AGU disse que era inconstitucional. Fiz consciente de que o Congresso pode derrubar o veto, tem a soberania para derrubar", respondeu Lula.

Privatização da Cemig

Um dos principais pontos do Propag é a possibilidade de os Estados repassarem ativos à União, como uma forma de abater parte da dívida. No caso de Minas Gerais, estariam incluídas empresas como a Cemig. Lula admitiu que a companhia pode ser federalizada, mas descartou uma privatização, tema tratado como prioridade por Zema.

“Eu não quero comprar a Cemig para privatizá-la. Você acha que eu esqueci quando o [ex-governador] Itamar Franco colocou a polícia de Minas Gerais para enfrentar o Exército do Fernando Henrique Cardoso porque ele disse que ia privatizar a Cemig? Se a Cemig é um coisa muito importante para os mineiros, que fez com que o Itamar tomasse a posição que tomou, você acha que eu vou assumir a responsabilidade de adquirir a empresa para privatizá-la? Não vou”.

Fonte: O Tempo