O ensino da Cultura Afro-brasileira nas escolas foi um dos temas debatidos no Café Filosófico, realizado pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) na noite de terça-feira. De acordo com o organizador, professor Cristhian Lima, apesar da obrigatoriedade por lei, ainda é preciso caminhar no sentido de fazer justiça à contribuição desta cultura para a formação da identidade brasileira. “O problema é que isso não tem sido realizado na prática, o que acaba chamando a atenção para o fato de que o tratamento desproporcional que os negros têm nos livros didáticos, de certa maneira, é o resultado histórico do tratamento que eles tiveram ao longo da formação do povo brasileiro.”
De acordo com a Lei 10.639, de 2003, fica estabelecida a inclusão no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática a “História e Cultura Afro-Brasileira”. O babalorixá Carlos Costa afirma que muitos professores ainda estão sendo preparados para este ensino, visto que a formação deles foi baseada principalmente na cultura europeia. “É uma lei antiga que fala sobre o brasileiro conhecer sua própria cultura. Ainda estão preparando os professores de história para esse tipo de coisa. Quem deveria preparar estas pessoas, são os mestres da tradição oral e pesquisadores, que vivenciaram, que estudam e que buscam a história do negro. Falar sobre isso e levar o tema pra faculdade, é essencial.”
O encontro foi promovido pelo curso de Ciências Sociais da instituição e aberto a sociedade. O tema “Africanidades” foi escolhido para o debate, devido ao Dia da África, comemorado no dia 25 de maio. Além do debate com os palestrantes, também houve apresentações de teatro e de capoeira e exibição do documentário "Cara de Macaco". Para o organizador, o evento contribuiu para reflexões sobre a atual formação da sociedade brasileira. “O objetivo foi promover a compreensão da presença negra na sociedade e da dinâmica que marcou o processo de colonização. E também da construção de reflexões e políticas que permitam superar a situação de desigualdade que grande parte da população afro-descendente se encontra.”