CIDADE

Médicos pedem sensatez a juiz que suspendeu atendimento a pacientes crônicos

Quantidade de pacientes de Covid é inferior às centenas de pessoas que precisam de atendimento médico, negado pela Justiça Federal

Larissa Prata
Publicado em 27/05/2020 às 08:15Atualizado em 18/12/2022 às 06:39
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Atendimentos eletivos estão suspensos em Uberaba há cerca de 60 dias e agora, com a decisão do juiz federal Élcio Arruda, permanecerão dessa forma

Cartas abertas destinadas ao juiz federal Élcio Arruda e assinadas pela classe médica em Uberaba pede sensatez ao magistrado e que permita a reabertura de consultórios e clínicas para atendimento de pacientes crônicos, como previa o decreto 5555/20, suspenso ontem (26).

A reportagem foi acionada por diferentes profissionais da área, que lamentam a decisão da Justiça Federal, sobretudo por já terem feito uma série de adaptações em seus consultórios e clínicas em obediência às regras sanitárias. “Estamos indignados com essa arbitrariedade desse juiz. Nós nos condicionamos dentro das normas de atendimento. Tudo muito bem cuidado. Esse cerceamento de exercer nossa atividade profissional vai impactar em muitas pessoas que necessitam de tratamento. E esse pânico gerado faz com que pessoas que necessitam de diagnósticos de doenças graves estejam postergando, com risco de morbimortalidade aumentada”, lamenta.

O profissional relata ter cumprido uma série de medidas para adequação do consultório onde atende, o que gerou despesa extra, na expectativa de poder voltar a acompanhar suas dezenas de pacientes que necessitam atendimento a miúdo para evitar piora nos quadros crônicos. “Isso gera atraso nos diagnósticos, aumenta risco de tudo e gera pânico”, avalia.

Carta assinada pela médica Graziela Massa Resende circula nas redes sociais em um movimento chamado #ElcioArrudaSejaSensato. No texto, Graziela Massa pede reflexão ao juiz federal: “O senhor não acha que está sendo enérgico demais em suas recomendações?! O senhor exige planos, estudos, etc, porém, como leigo não consegue perceber que os casos de Covid em Uberaba estão evoluindo lentamente, visto que os hospitais e UTIs estão com baixíssima taxa de ocupação, inclusive muito menor que as cidades ao nosso redor?! O senhor acha que vale a pena sacrificar a população, quebrando todo mundo, como está fazendo com suas liminares?!”, indaga.

A médica ainda pontua que Justiça e Executivo estejam travando cabo de guerra em “briga de egos” e no meio disso está a população, sofrendo as consequências. “Manter a saúde eletiva parada é no mínimo arbitrário, visto que as doenças crônicas não esperam e o povo vai morrer em casa por falta de assistência. Esperar 30 dias para assistência já não é tolerável... mais de 60 então.... é absurdo”, pontua a médica, indignada.

Graziela Massa ainda chama as medidas tomadas por Élcio Arruda de autoritárias e o alerta para uma grande consequência de suas decisões. “A pandemia não se resolverá em dias, mas a quebradeira que vem por aí demorará anos para se resolver... a fome e a pobreza serão consequências que teremos que enfrentar pela frente, principalmente com medidas autoritárias como essa que o senhor tomou”, lamenta.

Também na noite de ontem (26), a Unimed Uberaba se posicionou com relação à decisão do juiz federal, manifestando apoio aos médicos para que possam retomar suas atividades de forma a garantir a saúde pública. “A Unimed Uberaba é a favor da retomada consciente dos atendimentos. Hospitais, Clínicas e Laboratórios apresentam baixíssima taxa de utilização. Os desperdícios de recursos materiais e humanos devem ser considerados. Inclusive, porque a crise já provocou desempregos. A Unimed Uberaba respeita e entende que decisão judicial se cumpre. Mas, lembrando Hipócrates, ‘a cura está ligada ao tempo, e às vezes, também, às circunstâncias’. Diante de todas as circunstâncias evidenciadas e do tempo necessário para encontrar a cura definitiva do Coronavírus, temos que voltar às atividades, com a devida responsabilidade”, diz a nota.

Citada no processo, a Unimed informa que defenderá o direito ao trabalho dos médicos e beneficiários, “que padecem de outras doenças e precisam de cuidados imediatamente”.

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