GERAL

Mais de 4,3 mil pessoas podem ficar sem leito em Minas

Este é o cálculo se a pandemia evoluir como em Wuhan (China) e o sistema de saúde não for ampliado

Publicado em 28/03/2020 às 14:53Atualizado em 18/12/2022 às 05:18
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Cerca de 4.300 pacientes com quadro grave de COVID-19 podem ficar sem leitos de UTI em Minas caso a pandemia evolua como Wuhan (China) e o sistema de saúde estadual não seja ampliado. Além disso, outros 3.779 pacientes menos graves podem ficar sem respiradores e 13.910 sem acesso a leitos comuns.

Essa é uma das conclusões possíveis dos dados do artigo “Cenários para a demanda vs. oferta de leitos de UTIs e respiradores na epidemia COVID-19 no Brasil”. A pesquisa foi elaborada pelo professor Gonzalo Vecina Neto, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), o matemático Lucas Amorim e o economista Gustavo Kay. O trabalho simula o impacto que o coronavírus pode ter nos sistemas de saúde estaduais e no país. Ou seja, não se trata de pesquisa epidemiológica, mas matemática.

Os números acima são o resultado de um cálculo que leva em consideração que cerca de 105 mil mineiros sejam infectados – 0,5% da população – e a velocidade de propagação do vírus seja de 31%. Essas características são as mesmas verificadas em Wuhan, que foi o epicentro original da pandemia.

A pesquisa aponta um cenário ainda mais pessimista para Minas. Caso não se amplie a capacidade dos hospitais e o coronavírus infecte 3% da população do estado – 630 mil pessoas – mais de 30 mil podem ficar sem UTI. Com os hospitais lotados, pacientes graves ficarão em casa, onde terão mais chance de morrer.

De acordo com a pesquisa, esse cenário pode acontecer se a propagação do vírus não for freada e o ritmo de crescimento de casos se mantenha em 31%. Além dos que podem ficar sem tratamento intensivo, mais de 29 mil podem ficar sem respiradores e mais de 116 mil sem leitos de enfermaria. Nessa possibilidade, a crise deve durar 83 dias.

Por outro lado, se os recursos hospitalares forem ampliados e a propagação seja freada, nenhum habitante de Minas deve ficar sem UTI, respirador ou leito comum. De acordo com os dados do artigo, isso aconteceria se todas as cirurgias eletivas fossem adiadas e o número de recursos fosse expandido em 10%.

Velocidade da contaminação. Além disso, para que nenhum mineiro fique sem atendimento, o modelo matemático calcula que seria preciso abaixar a velocidade de propagação para 15%, levando em consideração 105 mil infectados no estado. Assim, a crise seria mais longa, de 137 dias, mas não sobrecarregaria o sistema de saúde. É o que os especialistas chamam de “achatar a curva” de casos da COVID-19.

Essa possibilidade, no entanto, é mais difícil de alcançar. A ampliação da capacidade do sistema de saúde passa pelo gasto de recursos e da vontade política das autoridades. Além disso, para reduzir a velocidade de propagação, poderiam ser necessárias medidas duras de contenção da movimentação. Apesar de afirmar que as diferentes variáveis não indicam uma determinada política pública, os pesquisadores escrevem que o Estado pode reduzir a velocidade impondo o isolamento social, por exemplo.

*Com informaçãos do Estado de Minas

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