SETOR FERROVIÁRIO

Produção de locomotivas em Minas pode crescer quase 80% em 2025

Impulsionado pela renovação antecipada de concessões, setor prevê salto na fabricação e reforça debate sobre a competitividade com a China

Publicado em 16/05/2025 às 15:09Atualizado em 16/05/2025 às 15:09
Compartilhar

A indústria ferroviária em Minas Gerais projeta um avanço expressivo neste ano: a produção de locomotivas no estado deve aumentar 79,4% em 2025, segundo a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer). A previsão é que 70 unidades sejam fabricadas, número bem acima da estimativa feita no fim de 2024, que indicava uma produção de 45 locomotivas.

Esse crescimento está atrelado à expectativa de mais investimentos decorrentes da antecipação da renovação de concessões ferroviárias. No entanto, o setor alerta para a forte concorrência com produtos chineses, principalmente diante da possibilidade de ampliação da atuação da China no mercado brasileiro.

Durante visita ao país asiático, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discute com o líder Xi Jinping um acordo que pode ampliar a presença chinesa na área, incluindo a fabricação local de trens de carga e passageiros.

Atualmente, toda a produção nacional de locomotivas está concentrada em duas plantas mineiras: a Wabtec Corporation, em Contagem (Região Metropolitana de Belo Horizonte), e a Progress Rail, da Caterpillar, localizada na região Central do estado.

Vicente Abate, presidente da Abifer, expressou preocupação com o avanço das importações chinesas e defende mais valorização da indústria nacional. Segundo ele, a entrada de estatais da China em licitações brasileiras tem dificultado a competitividade local. Ele também citou como exemplo as locomotivas do metrô de Belo Horizonte, todas fabricadas pela CRRC na China, e destacou a vitória do consórcio liderado por chineses na concessão da linha entre São Paulo e Campinas.

“A ideia não é impedir a presença chinesa, mas garantir condições justas de concorrência, com geração de empregos no Brasil”, afirma Abate.

Em 2024, as fábricas mineiras entregaram 39 locomotivas. Para os próximos anos, o setor espera se aproximar da média da última década, de 83 unidades anuais. Esse impulso está diretamente ligado à renovação de concessões como as da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), Ferrovia Tereza Cristina (FTC), e Ferrovia Transnordestina, além de obras como a Fiol, Fico, Nova Transnordestina e Ferrogrão.

A expectativa da Abifer é que o país mantenha uma malha ferroviária de 30 mil km para transporte de cargas. Atualmente, cerca de 12 mil km são efetivamente utilizados, enquanto o restante encontra-se ocioso ou subutilizado.

O Ministério dos Transportes aposta no chamamento público para reativar esses trechos, permitindo que interessados operem as vias por meio de autorizações. "Mesmo com devoluções, a ideia é fomentar a operação comercial e expandir a malha ferroviária nacional", destaca Abate.

Com base em dados da Infra S.A., o setor projeta que, em até dez anos, o transporte ferroviário represente 40% da matriz logística de cargas no Brasil — hoje esse índice está em 27%. “O objetivo é equilibrar com o modal rodoviário. Há espaço para todos”, conclui.

Assuntos Relacionados
Compartilhar

Nossos Apps

Redes Sociais

Razão Social

Rio Grande Artes Gráficas Ltda

CNPJ: 17.771.076/0001-83

JM Online© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por