DEPOIMENTO NO STF

Mauro Cid confirma trama golpista, mas nega participação

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro foi delator em investigação que resultou no inquérito que apura suposta tentativa de golpe em 2022

Ana Paula Ramos/O Tempo
Publicado em 09/06/2025 às 15:05
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Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, foi o primeiro réu a depor em ação de golpe no STF (Foto/Reprodução/TV Justiça)

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, foi o primeiro réu a depor em ação de golpe no STF (Foto/Reprodução/TV Justiça)

O tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), declarou ao Supremo Tribunal Federal (STF), que presenciou os fatos narrados na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), mas negou que tenha participado da suposta trama golpista. Ele foi ouvido nesta segunda-feira (9) como réu na ação penal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. 

"Eu presenciei grande parte dos fatos, mas não participei deles", disse Mauro Cid.

Como colaborador, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, alertou que ele “não poderia ser seletivo nas informações”. “Tem que dizer tudo que sabe”, complementou. 

Mauro Cid também comentou sobre áudios vazados pela revista Veja, em que ele atacou Moraes e disse ter sido pressionado a assinar o acordo de delação premiada.

“Foram áudios vazados sem a minha permissão, de desabafo num momento difícil que eu e minha família estávamos passando, estava vendo minha vida financeira, minha carreia vindo por água abaixo, desabafo feito a amigos próximos”. 

Mauro Cid foi delator em investigação que mirou Bolsonaro 

Mauro Cid foi assessor direto de Bolsonaro entre 2019 e 2022. Na função, ele era o “braço direito” do ex-presidente e atuava como uma espécie de secretário, atendendo, inclusive, a interesses pessoais de Bolsonaro. Ele circulava tanto no Palácio do Planalto, que é a sede administrativa do governo federal, quanto no Palácio da Alvorada, a residência oficial em Brasília. 

Cid tem carreira militar. Ele entrou no exército em 1996 e se formou na Academia Militar das Agulhas Negras em 2000. É filho do general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, que foi colega de Bolsonaro na turma de Artilharia de 1977 da Academia Militar das Agulhas Negras. 

Mauro Cid foi preso pela primeira vez em maio de 2023, em uma operação pelo esquema da suposta fraude em cartões de vacinação. O militar foi solto em setembro do mesmo ano, após assinar acordo de delação premiada, mas voltou para a prisão em março de 2024 após o vazamento de áudios atribuídos a ele com críticas ao seu processo de colaboração (até então, sigiloso).  

Ele está em liberdade provisória desde maio de 2024, mas tem que cumprir medidas cautelares. Entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de sair do país e de se comunicar com outros investigados. Na mesma época, o acordo de delação premiada de Cid foi questionado por suposta obstrução à Justiça, mas mantido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.  

Agentes de investigação usaram a colaboração de Cid para entender a articulação da suposta trama golpista. Um vídeo encontrado no computador do militar apreendido pela PF revelou, por exemplo, uma reunião em julho de 2022 em que Bolsonaro disse a seus ministros que era preciso “fazer alguma coisa” antes da ida dos eleitores às urnas. 

O tenente-coronel virou réu em 26 de março, no recebimento da denúncia do chamado “núcleo crucial” da trama, que inclui Bolsonaro. Na ocasião, o advogado dele, Cezar Bittencourt disse “como assessor do ex-presidente, ele tinha conhecimento dos fatos” e “cumpriu com o seu dever” de delator. 

Os crimes apontados ao ex-ajudante de ordens são os mesmos atribuídos a Bolsonaro e outros réus do núcleo político. São eles: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Somadas, as penas podem chegar a 43 anos de prisão. 

Fonte: O Tempo

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