Em 15 anos, a conta de luz no Brasil subiu 177%. A elevação foi 45% superior à inflação no período, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O levantamento foi realizado pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel). A pesquisa mostrou que, entre 2010 e 2024, a expansão de preços no país foi de 122%.
O estudo comparou a evolução da tarifa de energia praticada no mercado regulado, responsável por atender mais de 99,9% dos consumidores, e o valor no mercado livre, que responde por apenas 0,07%. Consumidores livres, que podem escolher o fornecedor e características do fornecimento, como preço, prazo e fontes, perceberam um aumento bem inferior.
O preço de longo prazo no mercado livre de energia registrou variação de 44% entre 2010 e 2024, tendo aumentado de R$ 102/MWh em 2010 para R$ 147/MWh em 2024 – variação 64% inferior ao IPCA no mesmo período. O levantamento, segundo a entidade, também analisou a evolução dos indicadores em um histórico mais espaçado, desde 2003.
Nesse período, houve elevação de 269% na tarifa residencial, de 218% no IPCA e de 90% no preço da energia no mercado livre. Segundo a Abraceel, a tarifa elétrica no mercado regulado é mais cara em função da indexação de longo prazo, reservas de mercado que obrigam a contratação de energia de determinadas fontes, decisões políticas sobre o custo da energia ou expansão da geração, mas também riscos indevidamente alocados ao consumidor, como o risco hidrológico.
O presidente executivo da Abraceel, Rodrigo Ferreira, disse que a indexação de longo prazo é um dos fatores determinantes que torna a energia mais cara no mercado regulado em comparação aos preços praticados no mercado livre. Para ele, a contratação de energia elétrica indexada à inflação por 30 anos torna-se um peso para o consumidor.
“Se houvesse apenas o mercado livre de energia, não haveria outra possibilidade a não ser Itaipu oferecer energia mais competitiva. Mas, como existe o mercado regulado, a tarifa de Itaipu incorpora gastos socioambientais e governamentais alheios aos custos da usina, já que essa energia será comprada compulsoriamente pelos consumidores regulados”, conclui Ferreira.
Fonte: O Tempo.