ALÍVIO

Homem é inocentado após 38 anos preso por assassinato

Peter Sullivan foi preso aos 30 anos e deixa a cadeia com 68 após ser considerado inocente; entenda o caso

O Tempo
Publicado em 13/05/2025 às 14:17
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Pete Sullivan, agora com 68 anos, passou 38 anos preso por um crime que não cometeu (Foto/Merseyside Police)

Pete Sullivan, agora com 68 anos, passou 38 anos preso por um crime que não cometeu (Foto/Merseyside Police)

Peter Sullivan, de 68 anos, teve sua condenação por assassinato anulada pelo Tribunal de Apelação britânico nesta terça-feira (13/5). Ele passou 38 anos na prisão pelo homicídio de Diane Sindall, uma garçonete de 21 anos, ocorrido em 1986 em Bebington, Merseyside. Três juízes superiores determinaram que novas evidências de DNA comprovaram que o homem não foi o responsável pelo crime.

Sullivan tinha 30 anos quando foi condenado, em novembro de 1987, à prisão perpétua com mínimo de 16 anos. Mesmo após cumprir esse período, permaneceu detido por mais duas décadas, tornando-se a vítima de erro judiciário que passou mais tempo preso no Reino Unido.

A anulação da sentença encerra uma longa batalha judicial, de várias tentativas de ser inocentado. Após duas solicitações negadas, a reviravolta ocorreu quando Sullivan solicitou novamente revisão de seu processo, em 2021. A comissão descobriu que amostras de DNA coletadas na cena do crime não correspondiam ao material genético dele.

Na audiência desta terça-feira, a defesa de Sullivan argumentou perante o Tribunal de Apelação em Londres que as novas evidências demonstravam que o assassino de Sindall "não era o réu". Os representantes do Serviço de Promotoria da Coroa (CPS) reconheceram não haver "base credível para se opor ao recurso" relacionado às provas de DNA.

"À luz dessas evidências, é impossível considerar a condenação do apelante como segura", declarou o magistrado. Sullivan, que participou da audiência por videoconferência da prisão HMP Wakefield, manteve a cabeça baixa durante a leitura da decisão e aparentou chorar quando sua condenação foi anulada.

Entenda o crime e a prisão

O crime ocorreu quando a vítima, Diane Sindall, na época com 21 anos, retornava para casa após seu turno de trabalho. A jovem foi espancada até a morte e sexualmente agredida. Seu corpo foi encontrado parcialmente vestido e com mutilações.

A acusação contra Sullivan baseou-se na alegação de que ele teria passado o dia do assassinato bebendo após perder uma partida de dardos. Segundo a promotoria, ele teria saído armado com um pé de cabra antes de encontrar a vítima, cuja van havia quebrado no caminho de volta do pub onde trabalhava.

Após sua detenção em setembro de 1986, Sullivan foi submetido a 22 interrogatórios ao longo de quatro semanas. Nas primeiras sete entrevistas, ele teve negado o acesso a aconselhamento jurídico, apesar de tê-lo solicitado. Um dia após sua prisão, em uma entrevista não gravada, Sullivan "confessou o assassinato".

Ele repetiu a confissão em uma entrevista gravada, mas seu relato "era inconsistente com os fatos estabelecidos pela investigação". Sullivan retratou sua confissão no mesmo dia, mas isso não impediu sua condenação.

No Tribunal de Apelação, o advogado Jason Pitter KC, representando Sullivan, reconheceu que o assassinato de Sindall foi "um crime grotesco", mas argumentou que as evidências atuais não atingiriam "o limiar com o qual uma acusação poderia ocorrer". Ele enfatizou que os avanços científicos e a "passagem do tempo" haviam "ajudado significativamente" a posição de seu cliente.

Sobre as declarações de Sullivan durante os interrogatórios, Pitter afirmou: "O que ele estava dizendo era um absurdo, em termos claros". Um familiar do homem, presente no tribunal, chorou enquanto a decisão da anulação da sentença era lida.

Fonte: O Tempo

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