No mês de conscientização sobre a importância da preservação do Meio Ambiente, dados apontam que Uberaba ainda está longe de poder comemorar. Levantamento do Ministério das Cidades mostra que a região central da cidade tem apenas 9% de cobertura arbórea, número bem abaixo do mínimo recomendado para conforto térmico e controle ambiental.
Apesar disso, informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que 80,54% dos domicílios do município possuem árvores em calçadas ou quintais. O dado demonstra uma adesão crescente da população ao verde urbano, mas também evidencia a distribuição desigual dessa vegetação, com áreas periféricas mais arborizadas, em contraste com o adensamento e a escassez de árvores no centro de Uberaba e em zonas de urbanização intensiva. Essa configuração agrava problemas como ilhas de calor, impermeabilização do solo e baixa qualidade do ar.
Para enfrentar esse cenário, a Secretaria de Meio Ambiente (Semam) vem implementando o Plano Municipal de Arborização Urbana. “O Plano Municipal de Arborização de Uberaba é modular, então ele está distribuído em etapas e módulos. Este plano é um norte para o planejamento de arborização urbana que está sendo realizado. Neste momento, nós temos também o aplicativo Arbolink, que nos ajuda na avaliação, no registro de espaços para plantio e também na identificação da espécie certa no lugar certo”, explicou o secretário Edno César da Silveira.
Com base nesse planejamento, a população também é orientada a procurar o Horto Municipal ao solicitar uma muda. “Por isso que, hoje, a gente orienta as pessoas a irem até o Horto Municipal na busca de mudas, para explicar o local onde elas vão plantar, para que a gente possa destinar a muda certa, a árvore certa para o lugar certo”, completou Edno. A escolha da espécie considera uma série de critérios técnicos, como espaço disponível, interferência com redes de infraestrutura urbana e adaptação climática.
A cidade ainda não estabelece uma meta fixa de plantios por ano, devido a limitações como a estação seca e a capacidade de manutenção. “Nós temos algumas limitações em termos de produção de mudas, em termos de plantio e cuidado. Não conseguimos ainda fechar um número que possa ser uma baliza de quantos plantios por ano, porque nós ainda temos outra questão que nos limita muito no plantio, que é a estação seca e a estação chuvosa”, explicou Edno. Segundo ele, plantar não basta: é preciso garantir condições de crescimento.
Outro ponto essencial do plano é o critério técnico na escolha das espécies, que precisa considerar o espaço e possíveis conflitos urbanos. “O nosso primeiro ponto importante é o espaço. Qual é o espaço que a comunidade tem para plantio? Qual é o espaço que uma pessoa tem? A casa dela fica numa esquina. Tem conflito com rede? Tem conflito com placa de trânsito? Quais são os conflitos que tem? Para que a gente possa determinar o tipo de espécie”, explicou o biólogo da Semam, Paulo César Franco.
Ele acrescenta que a adaptação ao clima local também é fator determinante. “Temos tanto espécies nativas quanto espécies exóticas, mas dependemos muito da aclimatação de espécies. Nem todas as espécies que temos disponíveis no mercado brasileiro dão resultado aqui para nós. Então, existe uma espécie de laboratório também, em que estamos readequando e selecionando espécies”, acrescenta.
A participação da população é considerada essencial para o sucesso do plano. “A primeira participação da população é proteger as árvores, é cuidar das árvores. Então, se ela tem uma árvore próxima à casa dela, se ela tem condições de cuidar de uma árvore, nos ajude a cuidar. Como? Nas calçadas, é muito importante que tenha aquele espaço que a gente chama de gola e que não se cimente até em volta do tronco da árvore. Isso, inclusive, é proibido por lei”, reforçou Paulo César.
“Não pendure, não pregue, não perfure, não pinte, nem com cal, nem com tinta. Então, cuide da árvore. Esse é o primeiro passo”, completou. Ele também lembra que o plantio deve seguir as diretrizes do Código Municipal de Posturas. “Só para lembrar, nós adotamos a seguinte medida: até 5 metros, pequeno porte. Entre 5 e 10 metros, médio porte. Acima disso, grande porte. Árvores de grande porte geram conflitos muito grandes, seja com a fiação, com a rede elétrica, seja com a própria característica do seu sistema radicular”, finaliza o biólogo.