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Braga Netto chama Mauro Cid de ‘mentiroso’, que fica de cabeça baixa e não responde

Ato foi relatado por advogado do general durante acareação entre os dois militares no STF; defensor criticou impedimento de gravação da audiência

Hédio Ferreira Júnior/O Tempo
Publicado em 24/06/2025 às 15:05
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A defesa do general da reserva Walter Braga Netto afirmou nesta terça-feira (24) que a acareação realizada no Supremo Tribunal Federal (STF) entre o militar e o tenente-coronel Mauro Cid foi “eficaz” para o processo, embora tenha revelado, nas palavras do advogado José Luis de Oliveira Lima, o “caráter contraditório e mentiroso” do delator.

Segundo o advogado, Mauro Cid “evitou confronto direto” com o superior militar, permaneceu com “a cabeça baixa” durante a audiência e não respondeu quando foi chamado de “mentiroso” por Braga Netto em ao menos duas ocasiões. “É uma pena que não haja imagens. Isso daria à opinião pública a dimensão da inconsistência da colaboração de Cid”, criticou.

O ato foi conduzido presencialmente pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado para manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022. A sessão ocorreu na sala de audiências dos gabinetes do STF, com a presença do ministro Luiz Fux e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Braga Netto e Cid são dois dos oito réus do chamado “núcleo 1” denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), acusado de formar a cúpula da articulação golpista que envolveu militares e ex-integrantes do governo Bolsonaro.

Ao comentar a acareação, o advogado de Braga Netto protestou contra o fato de o ato não poder ter sido gravado pela própria defesa nem transmitido pela imprensa. “Todos os demais atos desse processo foram gravados. Neste, que era central, não tivemos esse direito garantido. Foi uma violação à prerrogativa da defesa”, afirmou Juca.

Dinheiro na sacola de vinho teria sido outro ponto de contradição em acareação

A defesa de Walter Graga Netto ainda apontou como “mais uma contradição grave” o fato de Cid ter citado três locais diferentes como possíveis pontos de entrega de uma suposta sacola com dinheiro — entre eles, uma garagem, uma segunda garagem e a sala da ajudância de ordens do Palácio da Alvorada. 

“Como alguém pode falar de um pacote de dinheiro se ele mesmo afirmou que a sacola estava lacrada? Ele nunca viu o conteúdo. Ele mente. E mente demais”, disse Juca.

Durante a sessão, o ministro Alexandre de Moraes fez questionamentos diretos aos depoentes. O procurador-geral Paulo Gonet, segundo a defesa, fez duas indagações formais. Apesar das críticas à condução da audiência, o advogado de Braga Netto avaliou o ato como positivo para sua estratégia. “Indiscutivelmente, foi útil para a defesa.”

Advogado de Mauro Cid diz que tenente-coronel segue "falando a verdade"

A acareação entre Braga Netto e Mauro Cid foi solicitada pelo próprio general, preso preventivamente desde dezembro de 2024. O objetivo era confrontar as divergências nas versões apresentadas por ambos em depoimentos anteriores sobre o planejamento e financiamento de ações golpistas, incluindo uma suposta reunião na casa de Braga Netto e o repasse de recursos em espécie.

O advogado Cezar Bittencourt, responsável pela defesa de Mauro Cid, se limitou apenas a dizer que o tenente-coronel “repetiu o que já tinha dito! Falou a verdade!”. O sigilo do ato permanece vigente.

Fonte: O Tempo

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