Sentindo muita dor de cabeça? Neurologista alerta sobre os riscos da automedicação

A dor de cabeça constante é um dos sintomas relatados por ex-infectados pela Covid-19. Porém, em entrevista à Rádio JM, o neurologista Lineu Miziara contou que essa informação não é confirmada por nenhum estudo, mesmo que sejam dignosticadas complicações neurológicas a longo prazo. Entre outras sequelas relacionadas à Covid podem ser citadas fraqueza, cansaço, desânimo, perda do olfato a longo prazo, dificuldade de concentração e raciocínio.

Lineu afirma que, até agora, não foi encontrado um mecanismo que pudesse classificar a dor de cabeça como uma sequela a longo prazo. O que se sabe, no entanto, é que o período desfavorece o alívio mental.  A ansiedade, tensão e angústia, podem ser gatilhos para essas dores. “As pessoas estão muito tensas, muito angustiadas. E com razão, por receio do grande número de mortes que a pandemia tem trazido. Isso pode levar a um tipo de dor de cabeça muito comum, que é a cefaleia tensional. Uma dor de cabeça chata, incomodativa, geralmente, dos dois lados da cabeça e, outras pessoas tem a migrânea, que as pessoas chamam de enxaqueca, que piora com a ansiedade. É uma dor de cabeça forte, que lateja, que leva a vômito, isso tudo pode piorar com os quadros emocionais”, informa Lineu.

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Essas dores de cabeça podem facilmente levar ao abuso de analgésicos, que têm consequências, por vezes, irreparáveis. O neurologista pede cuidado e ressalta que nenhum remédio é tão inocente. O uso excessivo do paracetamol, por exemplo, pode acarretar hepatite e, inclusive, levar à morte, bem como o uso indiscriminado de anti-inflamatórios hormonais como a nimesulida. Outro exemplo, a novalgina, pode levar a uma doença chamada aplasia de medula óssea, que é extremamente grave. Esses remédios, quando ingeridos em excesso, podem causar acometer os rins, causar úlcera no estômago ou intestino e isso tudo pode levar à morte. “É importante que as pessoas entendam que analgésico é um quebra galho usado uma vez ou outra para melhorar a dor, mas se a pessoa está usando mais de um, dois, três comprimidos por semana, toda semana, de qualquer um, isso é um sinal de que está havendo abuso, excesso de analgésicos, e ela deve procurar um médico”, alerta o neurologista.

O que é recomendado

Se as dores de cabeça estão muito frequentes, é importante que a pessoa vá a um médico, de preferência neurologista, para ter um melhor direcionamento, descobrir causas e cuidar da dor. Mas o consumo constante de remédio não é a saída. “A pessoa toma hoje um analgésico, a dor pode até melhorar, mas ela volta. Então se a dor está muito frequente, todo dia, quase todo dia, é bom procurar um médico. Agora se a dor de cabeça está vindo principalmente em momentos de tensão, de ansiedade, é claro que relaxar, fazer yoga, procurar direcionar a mente para assuntos mais leves, pode ajudar bastante também. Atividade física regular se a pessoa estiver em condições de fazer exercício, ajuda também”, recomenda o neurologista.