POLÍTICA

Bolsonaro gera aglomerações no DF após ministro da Saúde recomendar isolamento

Apesar de falar em medidas de precaução, presidente não seguiu todas as recomendações do Ministério da Saúde

Agência Estado
Publicado em 29/03/2020 às 14:00Atualizado em 18/12/2022 às 05:18
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Foto/Globo News

Por Marlla Sabino

Em meio a apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil não pode parar por conta da pandemia de covid-19 e que é necessário que o governo trabalhe em duas frentes: saúde e economia. Bolsonaro visitou comércios locais em diferentes regiões do Distrito Federal neste domingo, 29. Foi a padarias, supermercados, postos de gasolina e até mesmo ao Hospital das Forças Armadas.

Bolsonaro disse que não há como negar que existe um problema em relação à propagação do coronavírus, mas que o desemprego também pode ser uma doença. "O povo tem que trabalhar ou a fome vem aí. O desemprego é terrível. O Brasil não pode parar. O povo tem dito para mim, se é que devemos seguir o povo e eu acho que sim, todo mundo está pedindo para trabalhar", disse em um açougue em Taguatinga, a cerca de 30 km do Palácio da Alvorada.

Ele voltou a afirmar que os trabalhadores informais serão os mais prejudicados com a crise por conta da propagação da doença no País. "São 38 milhões de informais, mas parte considerável não é que perdeu emprego, não tem onde buscar sustento", disse. "Está chegando ajuda do governo?, vai chegar R$ 600, mas não é o suficiente", acrescentou para uma apoiadora que relatou não ter comida em casa.

Para populares, Bolsonaro defendeu que sejam tomadas medidas de precaução contra a doença, mas principalmente para idosos e pessoas do grupo de risco.

O presidente afirmou que, nestes casos, "a gripe" pode ser mais grave e serão tratados com hidroxicloroquina. O medicamento, que tem sido usado em hospitais brasileiros, ainda não tem sua eficácia comprovada.

Apesar de falar em medidas de precaução, Bolsonaro não seguiu todas as recomendações do Ministério da Saúde. O presidente sorriu e brincou todas as vezes em que populares chegaram para cumprimentá-lo com apertos de mãos, mas dizia que "não podia". Mas ficou em meio a aglomerações para tirar fotos e selfies com apoiadores.

A atitude e o discurso de Bolsonaro, aplaudido por populares, vai na contramão do que é defendido pelo seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Como revelou à colunista do jornal O Estado de S. Paulo Eliane Cantanhêde, durante uma reunião nesse sábado, 28, Mandetta pediu para que Bolsonaro não menospreze a gravidade da pandemia em suas manifestações públicas. 

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