POLÍTICA

15 pacientes das upas estão "na fila" esperando por leito no HC-UFTM; um deles é idoso de 72 anos

Larissa Prata
Publicado em 04/06/2021 às 14:55Atualizado em 19/12/2022 às 03:17
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Mais um capítulo na famigerada falta de leitos em Uberaba. Denúncia feita ao Jornal da Manhã nesta sexta-feira apontava 17 pacientes com transferência das unidades de pronto atendimento para o Hospital de Clínicas da UFTM aprovada. Contudo, os pacientes continuavam aguardando para serem levados para a unidade hospitalar, sem sucesso. A assessoria de imprensa do HC informou à reportagem que o pronto-socorro apresenta taxa de ocupação próxima a 200%.

Segundo informou ao Jornal da Manhã a assessoria de imprensa da Funepu, fundação gestora das unidades de pronto-atendimento em Uberaba, nesta sexta 15 pacientes aguardavam a transferência para o HC-UFTM após serem aprovados pela regulação do município. O motivo especificamente para que essas transferências não se efetivem não foi confirmado por nenhuma das assessorias.

Um dos pacientes à espera de leito para transferência é o avô de uma leitora do Jornal da Manhã. Segundo ela, o idoso aguarda há oito dias e precisa ser transferido para realização de cirurgia de urgência na perna, que poderá ser amputada caso não consiga atendimento. A denunciante explica que foi dito à família que o HC diz ter vaga para receber o paciente, mas não tem maca, o que impede a concretização da transferência. Enquanto isso, o idoso, que tem 72 anos, agoniza na unidade de pronto atendimento.

Inclusive, a assessoria de imprensa da Funepu esclarece também que essa “fila” à espera de transferência não acontece com nenhum outro hospital, pelo menos não com a mesma magnitude da com o HC. Segundo ponderou, para as demais instituições a espera não supera 24h, quando há.

Em recente entrevista à Rádio JM, o gestor das UPAs, Márcio Dias, aponta sobrecarga do sistema como “culpado” na regulação de leitos no município. Ele explica que muitos hospitais que recebiam pacientes transferidos das unidades de pronto atendimento deixaram de fazê-lo por estarem dedicados ao atendimento de pacientes Covid. “A Covid tomou leitos que eram de hospitais que faziam parte do apoio e suporte das upas, da nossa demanda, que a gente faz o atendimento e encaminha o paciente corretamente. Então a gente tinha o Hospital Regional, que prestava um suporte muito grande no setor de cirurgias, ortopédicas e cirurgia geral, além de procedimentos como tomografias, endoscopia e colonoscopia. Esse suporte deixou de existir a partir do momento que o Regional se tornou exclusivo para a Covid. Com o avanço da doença nós também perdemos o apoio do Hospital Universitário, nas enfermarias, e agora em abril nós perdemos uma grande parte dos leitos do HC, porque o HC também está dando um suporte a pacientes acometidos pela Covid. Com isso, esses pacientes não-Covid ficam represados nas unidades, porque o Hospital Escola passou a ser referência de tudo e para todos os hospitais da região, das cidades pequenas e das upas”, pondera.

Ele acrescenta que quando há alguma situação de emergência, como um acidente ou condições de saúde agravadas por AVC, por exemplo, o leito pode se tornar indisponível por atender a uma graduação de emergência. “Esse leito até está lá no Hospital Escola, mas se acontece um acidente grave numa rodovia ou numa cidade pequena que o BOA, que é o Batalhão de Operações Aéreas, traz para Uberaba. Ou então chega um AVC ou infarto que têm porta aberta, então os leitos que receberiam os outros pacientes (represados) acabam sendo ocupados por pacientes mais graves. E os pacientes que estavam com a vaga liberada, que já iam ser encaminhados, mais uma vez permanecem na unidade aguardando a liberação de outro leito”, diz. “É impossível colocar pessoas dentro de um hospital que não tem leitos. Ao invés de deixar o paciente lá no corredor sem estrutura, é melhor deixar ele aqui na unidade de pronto atendimento mesmo”, finaliza Márcio Dias.

A explicação é semelhante à apresentada, em nota, pelo HC-UFTM ao Jornal da Manhã. O hospital posiciona que “a identificação de vaga por parte da regulação assistencial do município precisa coincidir com dois aspectos de regulação interna do Hospital: o leito identificado como "disponível" deve ser da especialidade demandada pelo quadro do paciente a ser recebido e, se houver necessidade de avaliação inicial em Pronto Socorro para então ocorrer a internação, é necessário que haja condições de recebimento do paciente no Pronto Socorro, para em seguida registrar-se a internação. Para todos os pacientes referenciados pela regulação do município, o momento de entrada dependerá das condições anteriormente descritas: leito disponível especificamente na especialidade para a qual o paciente demanda atendimento, e vaga em Pronto Socorro (em conformidade com a gravidade do quadro), para avaliação que precede a internação”.

Ainda, o hospital esclarece que “apresenta rotineiramente taxa de ocupação próxima de 200%, o que faz com que os muitos casos referenciados para o serviço precisem obedecer a uma lista de prioridades, em conformidade com a escala de gravidade do paciente.”

Por fim, a nota enviada pelo HC-UFTM expõe: “Ressaltamos ainda que o Hospital de Clínicas é um dos prestadores de serviço contratados pelo município para fornecimento de serviços hospitalares e cumpre a contratualização no que diz respeito ao número de leitos ativos e procedimentos/atendimentos realizados em todas as especialidades (com excedente não remunerado em urgências e emergências). Compete ao gestor municipal de saúde encontrar, na rede de prestadores, leito disponível e localizado na especialidade demandada pelo caso de cada paciente”.

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