POLÍTICA

Ao menos 18 detentos estão com Covid-19 na Penitenciária de Uberaba, denunciam parentes

Esposa de um dos detentos ainda afirma que não é disponibilizado nenhum tratamento contra a doença

Rafaella Massa
Publicado em 03/04/2021 às 12:57Atualizado em 19/12/2022 às 04:08
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Parentes de reclusos na Penitenciária de Uberaba, Professor Aluízio Ignácio de Oliveira, acionaram a reportagem do Jornal da Manhã na manhã deste sábado (3) informando que pelo menos 18 detentos estão com Covid-19 no local. A informação de que o presídio passa por surto da doença foi trazida em primeira mão pelo jornalista Wellington Cardoso, da coluna FALANDO SÉRIO, na sexta-feira (2), e ainda repercute. 

Segundo a denúncia da esposa de um dos presos, os infectados estão todos em uma mesma cela pequena, sem espaçamento de segurança e algemados. Sem medicamentos ou qualquer outro tratamento contra a doença, um dos detentos ainda relatou que a comida recebida está chegando crua ou azeda, segundo outra denúncia recebida pelo JM.

Ainda, segundo uma das denunciantes, alguns presidiários têm doenças respiratórias, como bronquite e asma, sendo um deles o cunhado dela, e já passam por problemas de falta de ar dentro da cela. “Eu fiquei sabendo que é o meu cunhado que está sendo transferido. Mas quando eu ligo para saber se é verdade, ninguém quer passar informação. Então, não tem como saber se ele realmente está indo para o hospital”, relata.

Além disso, denunciantes também apontam maus-tratos sofridos pelos presos dentro da penitenciária. Uma delas explicou que, durante conversa com o marido, que é um dos reclusos lotados na Professor Aluízio Ignácio de Oliveira, soube que os detentos haviam apanhado na sexta-feira (2), levando inclusive tiros de borracha dos agentes penitenciários. Ao ligar na penitenciária para obter mais informações sobre os acontecimentos, a mulher relatou descaso dos agentes. “Eu liguei na penitenciária para obter informações. O agente que me atendeu foi super mal educado, fez grosseria comigo. Ele disse que a assistente social entrou em contato com todas as famílias, e é mentira que eles não entraram em contato com a gente. E é uma coisa que está acontecendo faz muito tempo”, afirma.

Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), por meio do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG), informa que, conforme o levantamento feito no sábado (3), às 10 horas, há 20 presos com diagnóstico positivo para a covid-19 na Penitenciária de Uberaba. Eles cumprem período de quarentena dentro da unidade, acompanhados pela equipe de saúde, e estão assintomáticos ou com sintomas leves da doença. As celas em que se encontram estão isoladas e são rotineiramente desinfectadas.  A Secretaria ainda afirma que não procede a informação de que o preso Luís Fernando Batista Pena, de 33 anos, morreu vítima da covid-19. Ele foi internado em 12 de mar no Hospital de Clínicas, testado e negativado para a doença. O atestado de óbito aponta tuberculose como causa principal da morte. Já a internação citada em sua demanda acontece em razão de uma cirurgia, sem nenhuma relação, também, com infecção por coronavírus.    A Sejusp ressalta que as principais ações que estão sendo realizadas para prevenir e controlar a disseminação do coronavírus nas unidades prisionais de Minas Gerais, incluindo a unidade de Uberaba sã   Unidades portas de entrada: Foi adotado um modelo pioneiro no país de circulação restrita de detentos no período de pandemia, classificado como referência pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Para evitar a contaminação por novos presos, foram criadas 30 unidades de referência, distribuídas em todo o território mineiro, que funcionam como centros de triagem e portas de entrada para novos custodiados do sistema prisional.   Todas as pessoas presas em Minas Gerais estão sendo encaminhadas para uma unidade específica em cada região e ficam, pelo menos, 15 dias, em quarentena e observação, evitando possível contágio caso fossem encaminhadas de imediato para outras unidades. Após a observação e atestada a sua saúde, são encaminhadas para as demais unidades prisionais do Estado. Aqui em Uberaba, os novos presos são encaminhados a Sacramento.   Retomada gradual das visitas: Em setembro de 2020, o Depen-MG iniciou a retomada gradual das visitas presenciais no sistema prisional, de acordo com as ondas do Minas Consciente de cada macrorregião. A lista de unidades em cada onda é atualizada semanalmente no site da Sejusp, às quintas-feiras. As unidades prisionais seguem os protocolos previstos para a onda da macrorregião na qual estão localizadas, exceto aquelas que são classificadas como portas de entrada. Os familiares também podem ter contato com seus parentes de outras três formas: por meio de cartas (ação prevista para todas as unidades e com média de 35 mil recebimentos por semana), ligações telefônicas (cujo número é diferente em cada unidade e deve ser fornecido pelo presídio ou penitenciária; a média semanal é de 15 mil ligações realizadas) ou videoconferências nas unidades em que essa tecnologia já está disponível. Mais de 90% das unidades prisionais realizam visitas familiares por videoconferência. Esta modalidade continuará acontecendo mesmo diante da retomada das visitas.   Cuidados com quem já está pres No caso de presos que já se encontram no sistema prisional, caso apresentem sintomas da covid-19, o protocolo é o seguinte: isolamento imediato, realização de exames e, em caso de confirmação, tratamento segundo protocolo da área da Saúde. Em todas as unidades em que há presos com covid-19 confirmados, a desinfecção do ambiente também é imediata e todos os demais detentos passam a usar máscaras, de forma preventiva.   Evitar o contágio via profissionais de segurança: Os profissionais estão com as escalas de trabalho dilatadas, de forma a diminuir a circulação desses servidores intra e extramuros.   Evitar a circulação de presos para realização de audiências: Foram instalados equipamentos para a realização de videoconferências judiciais em todas as unidades prisionais que estão, aos poucos, se adaptando para uso dessa ferramenta. Com isso, evita-se o deslocamento da maioria dos presos para o ambiente extramuros e diminui-se o risco de contágio pelo coronavírus.   Já foram realizadas mais de 17,8 mil videoconferências judiciais neste período de pandemia - uma parceria com o Poder Judiciário que deve se estender no período pós pandemia por resultar em ganhos positivos para todos os atores envolvidos.   Limpeza geral e desinfecção de ambientes: As áreas estruturais como celas, pátios, áreas administrativas e técnicas, portarias, guaritas e, também, veículos estão passando por higienização reforçada, semanal, durante a pandemia.   Máscaras e EPIs: O sistema prisional está produzindo máscaras para uso nas próprias unidades e segurança de todos. No interior das unidades prisionais já foram produzidas 4,6 milhões de máscaras por custodiados. Todos os servidores são obrigados a circular no interior das unidades de EPIs e, a eles, este material é fornecido sistematicamente. Os presos também utilizam máscaras quando estão com algum sintoma suspeito ou quando pertencem a alas ou pavilhões onde outro detento foi testado positivo para a doença.

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