"Testes em massa não adiantam em nada neste momento", diz secretário de Saúde

Foi com surpresa e uma pitada de indignação que a administração municipal recebeu despacho do juiz federal Élcio Arruda na noite de terça-feira (19), que determinou a testagem em massa da população em Uberaba, alegando possibilidade de subnotificações. À Rádio JM, o secretário municipal de Saúde, Iraci Neto, disse não ter compreendido a fundo o que motivou o magistrado - respeitosamente falando.

“Eu particularmente recebi com muita surpresa essa decisão da Justiça Federal em relação a tudo que foi solicitado, a esse imbróglio que já se arrasta há algumas semanas”, disse Iraci, afirmando que a pasta trabalha diuturnamente para mostrar à população de Uberaba o cenário mais real possível na cidade. Ademais, Iraci pontua que a testagem em massa não ajudaria em nada no momento atual da pandemia, uma vez que Uberaba já está em isolamento social há 60 dias e a população está ansiosa e preocupada com essa situação.

O secretário manifestou a inviabilidade da solicitação judicial de testagem em massa da população, citando que outros países recorreram à testagem em massa não tiveram os resultados esperados. “Temos acompanhado que os testes em massa não adiantaram em nada. Essa é a verdade científica da coisa. É importante o teste? É! Nós temos três tipos de testes. O teste rápido, que exige um tempo exato para testar (...) e o tempo é que ele pode ser feito após o nono ou décimo dia ou após o 15º dia para saber se ele já está imune, ou seja, que foi contaminado e não tem mais transmissão. O teste SWAB, que é aquele do nariz e da garganta, é até o terceiro dia do início dos sintomas. E o sorológico, que é para saber se a pessoa teve o vírus ao longo da vida, vamos dizer assim, após 15 ou 20 dias. Então, essa testagem em massa não previne nada nesse momento. Já são 60 dias de pandemia no município de Uberaba”, explicou

Iraci confirma que, mais uma vez, o município tentará explicar nos autos sobre a situação real de Uberaba. “Então nós vamos tentar mais uma vez, apesar de já estar explicado na peça (resposta dada anteriormente pela PMU à Justiça), explicar sobre essa questão dos testes. É uma questão científica! E explicar também sobre a eficácia desses testes, a assertividade deles. É um investimento muito alto para pouco resultado neste momento. Esses testes têm um percentual de falso negativo e falso positivo muito alto. Hoje nós compramos esses testes por cerca de R$ 130 cada, aí agora você imagina o quanto que uma testagem em massa não vai custar aos cofres públicos. Quem é que vai pagar a conta?”, pondera, acrescentando que o município está investindo para, ao longo dos próximos meses, viabilizar a testagem de 17 mil a 20 pessoas, a depender do êxito da arrecadação municipal.

“Acho que município nenhum no Brasil está sendo tão cobrado quanto o município de Uberaba”, desabafou.

Os próximos passos para a flexibilização da reabertura do comércio ainda estão nos planos da pasta. Iraci avalia que não há sequer tempo hábil para testagem em massa porque esses testes demorariam pelo menos 30 dias até chegarem em Uberaba. Será que o uberabense conseguiria esperar mais meses nessa agonia?

“Acredito que isso é um caso de procrastinar a saúde econômica de um município, porque nós sabemos da responsabilidade que temos, os números são analisados todos os dias, temos organização e segurança para trabalhar, tempo para respirar e pensar, números confortáveis, número de óbitos baixíssimo e número de casos confirmados também baixos e abaixo da expectativa nacional. Enfim, eu acho que nós temos uma segurança para poder avançar e dar um suspiro na economia do município nesse momento, nessa angústia de todos os colaboradores e da população de uma forma geral em relação à situação econômica”, avalia o secretário. Por fim, Iraci ainda acrescenta que já manifestou a disponibilidade da pasta e dos técnicos envolvidos no combate à proliferação da Covid-19 em Uberaba para prestar esclarecimentos à Justiça Federal e ao juiz, mas até o momento não foi possível essa audiência.

O município tem agora dois dias úteis para se manifestar nos autos, o que certamente inviabilizará os planos de abertura de diversos setores, como shoppings e galerias.