Após registro de abuso sexual contra adolescente, motoristas denunciam vans escolares em situação irregular

Mais uma polêmica envolvendo o transporte escolar de Uberaba. Motorista de van escolar é acusado de abusar sexualmente de uma adolescente de 13 anos. A vítima relatou à Polícia Militar que o acusado, de 31 anos, trabalha como motorista do transporte escolar rural há cerca de dois meses e, desde então, os abusos vêm acontecendo. Diante do fato, motoristas devidamente regularizados junto ao município entraram em contato com a reportagem do Jornal da Manhã para denunciar que, tal qual o suspeito do crime, motoristas estão sendo contratados pela Prefeitura de Uberaba sem obedecer às regras impostas aos demais, não apresentando a documentação exigida aos que participaram de licitações.

De acordo com as informações da adolescente à Polícia Militar, o motorista começou a importuná-la cerca de uma semana após assumir o trabalho de buscar os alunos e depois devolvê-los às fazendas. Ele a obrigava, segundo relatou, a se sentar no banco da frente da van para tocar com as mãos os seios e as pernas dela. A garota ainda contou que, uma vez, o homem fez movimentos como se estivesse se masturbando; em outra, ele teria descido do veículo e corrido atrás da jovem, que já estava próxima à porteira da fazenda onde mora, e tentou agarrá-la à força, mas a adolescente conseguiu escapar da investida, passando por baixo de uma cerca com arame.

A adolescente contou que era constantemente ameaçada pelo motorista e, durante o relato à PM, chorava de medo e de vergonha, afirmando que se sentia suja. O fato foi descoberto pelo pai da estudante, que notou comportamento estranho da filha, que ficava sempre trancada no quarto, deitada. Ela foi levada ao Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo (HC-UFTM) para consulta com assistente social, psicóloga, pediatra e ginecologista.

Já o suspeito foi localizado, detido e levado à presença da autoridade policial. Segundo a PM, ele negou os fatos, mas presumiu que a adolescente era a denunciante, sem que os policiais indicassem sobre quais eram as acusações. Transporte irregular

A gravidade do caso levou outros motoristas envolvidos com o transporte de alunos da área rural a acionarem a reportagem do Jornal da Manhã, reportando conduta inadequada da administração municipal.

Dois denunciantes revelaram ao JM que há motoristas sem a documentação correta e recebendo por outros contratos. Ou seja, sem o devido registro pessoal na prefeitura nem do veículo na Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS). Segundo eles, o motorista acusado do crime contra a adolescente seria um desses contratados sem o devido respaldo.

Os denunciantes optaram por manter suas identidades em sigilo por medo de retaliações, mas revelaram que essas contratações irregulares estão acontecendo devido à desistência de alguns a prestar serviços por causa do atraso dos pagamentos, conforme noticiado anteriormente pelo JM Online – à época, 27 motoristas que haviam desistido da prestação de serviços à Prefeitura de Uberaba em decorrência do atraso nos recebimentos e também pela não renovação do contrato da atual empresa prestadora de serviços à administração. A partir de 2020, será outra empresa que transportará os alunos da zona rural.

A reportagem acionou a Prefeitura de Uberaba, que por meio de nota nos informou que o motorista foi suspenso das atividades. Confira a nota na íntegra: 

Considerando que dois processos licitatórios restaram frustrados, a Secretaria de Educação em cumprimento à legislação, priorizou os melhores interesses dos alunos, promovendo o transporte dos mesmos, garantindo a frequência e o acesso às aulas, cumprindo os 200 dias letivos.

Como o serviço de transporte escolar não pode parar, a Secretaria de Educação contratou motoristas de vans que já estavam legalizados para o serviço e que tivessem um segundo veículo para atender à demanda.

A Secretaria de Educação, assim que soube do ocorrido tomou as providências cabíveis. O Departamento de Transporte da Semed acompanhou a ação da Polícia Militar e o motorista foi suspenso das funções imediatamente. A estudante foi encaminhada ao hospital para os exames de praxe. A Semed irá apurar todas as informações para esclarecimentos à comunidade. Uma equipe da Assistência ao Educando acompanhará a família no que for necessário.