Funeral do papa Francisco foi acompanhado por 250 mil pessoas, segundo o Vaticano (Foto/Filippo MONTEFORTE / AFP)
A humildade que o papa Francisco demonstrou desde o primeiro dia na posição, quando surgiu somente com uma batina branca na sacada da Basílica de São Pedro em 2013, foi em parte reproduzida em seu funeral neste sábado (26/04). Seu caixão de madeira revestido com zinco — diferente das urnas funerárias elaborados de papas anteriores — repousou na praça de São Pedro entre uma multidão de 250 mil pessoas antes de seguir para o túmulo fora do Vaticano.
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Durante a missa de pouco mais de duas horas, iniciada às 5h no horário de Brasília e às 10h dos relógios de Roma, os rituais tradicionais do catolicismo foram mesclados com elogios à personalidade de Francisco. Na homilia (leia na íntegra), o cardeal Giovanni Battista Re ressaltou a defesa do papa pelos direitos dos imigrantes e recuperou uma frase repetida algumas vezes pelo líder religioso: é importante “construir pontes, não muros”.
A fala já havia ecoado durante o primeiro mandato do presidente dos EUA, Donald Trump, firme inimigo dos imigrantes ilegais e hoje de volta ao poder. Ele era um entre os cerca de 50 chefes de Estado presentes no funeral e aproveitou a oportunidade para se reunir com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Foi o primeiro encontro público dos dois desde o bate-boca na Casa Branca em fevereiro.
A homilia da Missa das Exéquias também tocou no esforço pela paz empreendido por Francisco, vocalmente contra as guerras de Israel, do Sudão e da Ucrânia. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cuja postura em Gaza foi criticada pelo papa, não estava presente.
Do lado brasileiro, Lula compareceu ao Vaticano e, em entrevista após a formalidade, disse desejar que o próximo papa seja parecido com Francisco. A concretização desse desejo é um incógnita a ser decidida no Conclave, que será iniciado em maio e tem potenciais favoritos com diferentes perfis — dos conciliatórios aos mais conservadores. A eleição só pode começar após o Novendiali período de luto de nove dias, iniciado hoje.
Após a missa, o caixão do papa percorreu as ruas de Roma a bordo do Papamóvel, adaptado para a ocasião, e foi aplaudido por multidões no percurso. Ele é o primeiro desde 1903 a ser sepultado fora do Vaticano, na Basílica de Santa Maria Maggiore. Seu túmulo, como a urna funerária, dispensa adornos elaborado e leva somente seu nome em latim, Franciscus, cravado no mármore.
Dentro do caixão, está o rogito, texto que resume a vida e o papado de Francisco. Em seu último trecho, o documento se despede: “Francisco deixou a todos um testemunho admirável de humanidade, de vida santa e de paternidade universal”.
Fonte: O Tempo.