O uso recreativo da maconha voltou ao centro de um importante debate médico. Um estudo recente, publicado na revista científica Heart, aponta que consumidores da droga podem ter o dobro de risco de morrer por doenças cardíacas em comparação com não usuários.
Estudo reacende alerta sobre impactos cardiovasculares
O levantamento analisou dados de mais de 200 milhões de pessoas entre 19 e 59 anos, abrangendo 24 estudos internacionais. Os pesquisadores observaram uma associação clara entre o uso de cannabis e a elevação de problemas como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca.
Principais achados
THC é o vilão, independentemente da forma de consumo
Embora o cigarro de maconha ainda seja a forma mais comum de consumo, os dados indicam que os efeitos do THC — principal componente psicoativo da planta — também são prejudiciais em versões comestíveis e vaporizadas. Segundo estudos complementares, o THC pode reduzir em até 56% a função dos vasos sanguíneos, favorecendo o surgimento de placas e obstruções.
Uso crescente preocupa especialistas
Com a legalização do uso recreativo em diversos países e estados dos EUA, o consumo de cannabis tem crescido principalmente entre jovens adultos. Essa tendência preocupa cardiologistas, que defendem políticas de conscientização semelhantes às aplicadas contra o tabagismo.
“Não é porque é natural que é inofensivo”
Especialistas reforçam que, apesar de a cannabis ter uso medicinal aprovado em diversos contextos, seu uso recreativo deve vir acompanhado de informação sobre os potenciais riscos à saúde. “O risco de morte cardiovascular duplicado é um alerta forte. A população precisa entender que os efeitos do THC vão muito além da euforia passageira”, afirma o cardiologista Stanton Glantz, da Universidade da Califórnia.
Efeitos podem ser silenciosos
Um dos fatores que tornam o impacto da maconha mais difícil de identificar é a ausência de sintomas imediatos. Ao contrário do tabaco, cujos efeitos se acumulam com décadas de uso, o THC pode afetar a saúde cardiovascular mesmo em usuários eventuais — algo que requer atenção, especialmente em pessoas com histórico familiar de doenças cardíacas.
O que dizem os autores do estudo
Os próprios cientistas responsáveis pela análise reconhecem limitações, como o fato de os dados serem baseados em relatos pessoais de consumo. Ainda assim, o número elevado de participantes e a consistência dos achados em diferentes países dão peso às conclusões.
Polêmica reacende debate regulatório
O estudo reacende discussões sobre a necessidade de advertências mais explícitas em produtos à base de cannabis. Grupos de saúde pública defendem que rótulos incluam os riscos cardiovasculares, assim como já ocorre com o cigarro. No entanto, especialistas também alertam que isso não deve ser confundido com um movimento de criminalização: o foco deve ser educação e transparência.
Fonte: O Tempo.