EM BUSCA DA SALVAÇÃO

Planalto quer fazer acenos aos evangélicos, mas comunicação oficial patina

Lula aceitou fazer agenda com lideranças religiosas, mas esbarra no desafio de atingir diretamente os fiéis

O Tempo
Publicado em 21/03/2024 às 10:15
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Lula com evangélicos durante campanha eleitoral em 2022 (Foto/Ricardo Stuckert/PR)

Lula com evangélicos durante campanha eleitoral em 2022 (Foto/Ricardo Stuckert/PR)

Com o governo federal tendo resultados negativos de avaliação com o público evangélico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escalou ministros para cumprir agendas com lideranças e intensificar aproximação com esse segmento. O petista está disposto a fazer encontros, mas já sinalizou aos auxiliares que isto não será suficiente. Lula avalia, segundo interlocutores, que o uso político da religião e a disseminação de fake news pelos adversários é um dos maiores obstáculos relacionados à rejeição ao PT e a figura dele nesse meio. 
 
Ao fazer a primeira reunião ministerial de 2024 na última segunda-feira (19), quando se discutiu balanço de ações e conquistas no último ano, o presidente cobrou dos auxiliares melhora da comunicação e mais viagens pelo Brasil para fiscalizar obras e revisitar locais onde entregas já foram concluídas. A percepção é a de que a população não está sentindo, no dia a dia, os feitos do governo federal na área da saúde, economia e assistência social. 
 
Em relação aos evangélicos, o petista voltou a pontuar que somente conversas com os líderes - a exemplo de pastores e políticos - sem antes conseguir acessar os fiéis não vai ser suficiente para reverter o quadro. Para ele, a religião está sendo utilizada como instrumento político de partidos e a fé está sendo manipulada de forma vil e baixa. Ao término da reunião ministerial, os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Comunicações), inclusive, negaram que exista uma estratégia específica voltada a esse público. 
 
No entanto, deixaram escapar que o tom dos anúncios e das realizações pode ser alterado. Eles relataram que quando o presidente Lula anuncia escola em tempo integral e criação de novas creches, por exemplo, o governo está atendendo uma demanda das mães e protegendo as famílias. A avaliação é de que os evangélicos, beneficiados com programas e ações do governo, terão uma opinião positiva sobre a atual gestão.
 
“As ações anunciadas são para cuidar da família. Quando o presidente anuncia um programa de 1.200 creches, ele está cuidando da família. Quando ele anuncia escolas em tempo integral, ele está atendendo às mães de todas as religiões. Pesquisas mostram que a maior preocupação das mulheres são os filhos. O filho pequeno não sai de casa sozinho, o filho grande sai. Esse é o desespero de toda mãe: ver que o filho está exposto a um mundo do crime. A escola de tempo integral é o desejo de toda mãe para proteger o filho”, declarou Rui.
 
Na avaliação de outra fonte, as peças veiculadas no final do ano passado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República não têm cunho religioso, mas ainda assim dialogam com o público mais conservador. Na esteira do país polarizado, os vídeos exibiam famílias e amigos que voltavam a conversar e passavam a ter opinião positiva sobre determinadas políticas públicas do governo federal. Dessa forma, o petista e auxiliares apostam que “o diálogo e conversa” podem mudar este cenário de rejeição.

Mais viagens em colégios eleitorais

Outra avaliação nos bastidores é de que é preciso intensificar visitas a colégios eleitorais onde Lula saiu vitorioso em 2022. As recentes pesquisas de intenção de voto, segundo o próprio ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, mostraram que a popularidade do presidente oscilou nesses lugares. Sem mencionar os evangélicos diretamente, ele admitiu que as pesquisas atuais não podem ser ignoradas e negligenciadas, e que são apenas uma fotografia de momento. E o desafio, conforme narrou, continua sendo a comunicação. 
 
Autocrítica de Lula ao PT e crítica à pauta de costumes no debate público

Com a proximidade das eleições municipais, Lula tem pressa em atrair o público evangélico e aumentar a popularidade do governo federal. Em dezembro passado, durante a conferência eleitoral do PT, o petista fez uma autocrítica ao partido e disse que a legenda tinha que se aproximar mais dos evangélicos, público esse mais alinhado à pauta de costumes. 
 
Já em janeiro deste ano, em discurso similar, o presidente declarou que há uma “extrema-direita irresponsável, que mente descaradamente” e que “utiliza a boa-fé e religião do nosso povo para fazer política”. “A chamada pauta de costume tomando conta dos interesses maiores a nível nacional. E, às vezes, a gente se perde em debates que são menores do que as necessidades do nosso povo. O nosso povo deseja o quê? Todo mundo quer construir uma família digna”.

Fonte: O Tempo

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