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Zilda Arns

Aquela que Eliane Cantanhêde (Folha de São Paulo) chamou de “A Medalha da Paz Brasileira” leu seu último discurso há cinco dias, em Haiti, e partiu para a Casa do Pai

Padre Prata
Publicado em 16/01/2010 às 20:28Atualizado em 17/12/2022 às 05:46
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Aquela que Eliane Cantanhêde (Folha de São Paulo) chamou de “A Medalha da Paz Brasileira” leu seu último discurso há cinco dias, em Haiti, e partiu para a Casa do Pai. Somente um terremoto para derrubar mulher tão forte. “Estou feliz entre todos vocês. Dou graças a Deus por este momento. Estamos aqui neste encontro porque sentimos dentro de nós um forte chamado para difundir ao mundo a Boa Nova de Jesus. A construção da paz começa no coração das pessoas. Hoje vou compartilhar com vocês uma história de amor”. Completou sua introdução, lembrando uma cena narrada por Lucas numa pequena casa a caminho de Emaús: “Ele foi reconhecido ao partir o pão”.  Zilda foi a vida que se partiu pelas crianças pobres do mundo por onde caminhava. Nós, no conforto de nossas vidas, nos sentimos envergonhados e humilhados diante da figura dessa mulher forte. Nem percebemos a dor dos pobrezinhos que caminham ao nosso lado.

Muita gente nem sequer sabe quem foi Zilda Arns e o que construiu essa médica cristã. Foi a criadora da mundialmente conhecida Pastoral da Criança, a maior obra assistencial e conscientizadora em favor da criança mal nutrida. Obra não apenas assistencial, mas educadora e familiar. Para realizar sua obra criou uma força de mais de duzentas mil voluntárias das quais 141 mil viviam em comunidades pobres. Você sabia disso?  O objetivo da Pastoral da Criança é reduzir as causas da desnutrição e mortalidade infantis. Dizia: “A primeira infância é uma etapa decisiva para a saúde, para a educação e para a consolidação das relações sociais. A paz começa em casa”.

Seu trabalho está presente em 42 mil comunidades pobres e em sete mil paróquias em quase todas as dioceses do Brasil. Zilda Arns estava convencida de que a solução da maioria dos problemas sociais está relacionada com a redução urgente das desigualdades sociais, com a eliminação da corrupção, com a promoção da justiça social, com a saúde e a educação de qualidade, ajuda mútua financeira e técnica entre as nações. Teve apoio político? Nossos representantes a apoiavam?  Imagine!

O contraste é chocante. Enquanto essa mulher dirige uma organização de tal envergadura, enquanto se mata em viagens contínuas, em reuniões desgastantes, enquanto se entrega de corpo de alma pela erradicação da mortalidade infantil, os nossos representantes se esbaldam em Brasília. É uma súcia de assustar, corruptos, malandros, falsos, mentirosos, sonegadores, ladrões, exploradores, criadores de quadrilhas, aves negras crocitando em cima do dinheiro do povo. É de se lamentar. Ninguém é condenado, ninguém vai para as prisões. Nada acontece. Os rabos estão presos uns nos outros e é preciso que cada um salve o seu.

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