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Voltamos ao mar de lama

O número de mortos na tragédia que se abateu sobre os moradores de cidades da região serrana do Rio de Janeiro ofusca

Mário Salvador
Publicado em 25/01/2011 às 21:24Atualizado em 17/12/2022 às 07:03
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O número de mortos na tragédia que se abateu sobre os moradores de cidades da região serrana do Rio de Janeiro ofusca, sem dúvida, idênticos problemas enfrentados por mais de oitenta cidades mineiras, mas com mortos em número infinitamente menor.

Mas voltemos ao tema, uma vez que brotaram muitas notícias sobre o assunto. Soube-se que a ONU enviou ao governo brasileiro, há algum tempo, relatório informando que, no Brasil, o assunto de prevenção de calamidades não mereceu a devida atenção por parte das autoridades.  Apesar do alerta da ONU, nada se fez a respeito.

Há intenso noticiário indicando que em 2005 o governo Lula montou um projeto, um plano para monitorar tempestades, com a finalidade de prevenir as cidades que seriam atingidas. Tudo ficou no papel. Tivesse sido executado é possível que muitas mortes, desde então, teriam sido evitadas.

E o governo Dilma anunciou um plano exatamente no mesmo sentido e que, segundo o Ministro Mercadante, deverá funcionar em quatro anos, com a ressalva de que parte dos seus efeitos benéficos já serão sentidos no verão de 20l2. Menos mal!

E, por fim, foi veiculada a notícia de que na abertura dos trabalhos do Congresso, em fevereiro, será votada uma lei especial, tornando os prefeitos responsáveis por problemas como os que estamos vivenciando este ano, em muitas cidades brasileiras.

É ao prefeito que cabe administrar a cidade, conhecer os seus problemas e procurar soluções para os mesmos. Ao agir em favor dos munícipes o prefeito tem como evitar o agravamento de uma situação de risco, principalmente salvando vidas. Um bom exemplo de atuação precisa de um prefeito aconteceu justamente na região serrana do Rio. Ao pressentir uma possível enchente no rio que corta a cidade que administra, o prefeito da cidade de Areal, Laerte Calil de Freitas, ligou para a cidade de São José do Vale do Rio Preto, situada rio acima e foi informado pelo prefeito daquela cidade que a situação era crítica e a enchente seria pesada. Então foi tomada uma medida simples e eficiente: um carro de som percorreu as zonas de risco da cidade, alertando os moradores sobre o perigo de deslizamentos de terra e da enchente no rio. A área foi inundada duas horas depois. Houve, claro, perdas materiais, mas nenhuma morte. E o rapaz que percorreu a cidade com o carro de som perdeu tudo em sua casa, que rodou na enchente, mas foi aclamado o “anjo da cidade”.

E no Rio de Janeiro as autoridades já instalaram 60 sirenes no Morro do Borel, que serão acionadas em caso de chuvas fortes.

Aqui na nossa Uberaba, a Cohagra já está retirando moradores de áreas de risco, transferindo-os para lugares seguros. Melhor prevenir, claro.

E já faz tempo que o Corpo de Bombeiros tem agido muito bem na zona central (av. Leopoldino de Oliveira, principalmente), percorrendo a avenida e dando o alerta aos comerciantes para colocarem proteções nas portas das lojas, em razão de chuvas que se prenunciam fortes. Também alertam motoristas para tirarem veículos estacionados na zona central. Algo simples de fazer, mas de resultados satisfatórios. Que perdure tal boa ação.

Enfim, cabe mesmo à Prefeitura fiscalizar as áreas de risco, não permitindo ali quaisquer construções e/ou retirando de lá o que foi construído ilegalmente. O poder tem, também, os seus riscos e obrigações. Zelar pela vida humana é uma delas.

(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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