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Viagem ao Nordeste

Com suas impressionantes ideias, Celso Furtado (1920-2004), bacharel em Direito e doutor em economia pela Sorbonne

Mário Salvador
Publicado em 20/07/2010 às 20:06Atualizado em 20/12/2022 às 05:20
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Com suas impressionantes ideias, Celso Furtado (1920-2004), bacharel em Direito e doutor em economia pela Sorbonne, conseguiu emplacar, em 1959, no governo de Juscelino Kubitschek, um projeto de capital importância para o desenvolvimento do Nordeste: a SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste).

O projeto previa uma redução de cinquenta por cento no imposto de renda a ser pago pelas empresas que aplicassem capital próprio em empresas localizadas no Nordeste. E havia incentivos maiores para empresários que se estabelecessem naquela região, gerando emprego e renda. 

O empresariado uberabense, em uma reunião da Associação Comercial e Industrial de Uberaba, levantou a questã Será interessante e rentável a aplicação no Nordeste? Para responder corretamente a essa indagação, a diretoria da ACIU enviou três de seus diretores àquela região. Os escolhidos: Léo Derenusson, Gilberto de Andrade Rezende e Mário Salvador, eu mesmo.

Aconchegados no fusquinha de Gilberto Rezende, um bom motorista, lá fomos nós, os diretores, rumo a Salvador, primeira etapa da viagem. Ainda não havia a BR-262 e o recurso foi irmos a Volta Redonda para depois alcançarmos a Rio-Bahia.

De Salvador a Recife, sede da SUDENE, o percurso foi coberto de avião. Nas duas capitais, visitamos várias indústrias e tivemos a oportunidade de comparar os produtos fabricados e as instalações com os catálogos enviados aos aplicadores em ações.

Dentre outras particularidades, percebemos que as indústrias geravam poucos empregos, tendo em vista a automação. E os produtos lá fabricados eram vendidos nas regiões Sudeste e Sul. Chegamos à conclusão de que não era muito promissor o investimento no Nordeste, mesmo com o incentivo fiscal.

Não havendo investimento, com o dinheiro em nossa região, surgiu a opção pelo reflorestamento, que ganhou força enorme no Triângulo, gerando empregos e desenvolvimento; e surgiu também a opção por aplicações em ações da CEMIG, beneficiada por incentivos semelhantes aos da SUDENE.

Léo preferiu voltar de Salvador de avião, enquanto Gilberto e eu pudemos contemplar o seco sertão nordestino a bordo do valente fusquinha.

Esse foi mais um serviço prestado pela ACIU ao empresariado uberabense.

(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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