Chá é sabor, é aroma, é elegância, é nobreza, é prazer, é saúde...
O chá é exótico, excêntrico, extravagante, refinado e simples ao mesmo tempo.
Como os melhores vinhos, tem um sabor e aroma a ser descoberto, apreciado e compartilhado.
E a sua história? O chá, conhecido há quase cinco mil anos, era limitado aos cerimoniais dos mandarins chineses e às sessões de meditações budistas, por muitos séculos. Seria o chá de origem asiática, indiana, japonesa, chinesa, africana, latina? Sabe-se que é uma planta que exige altitude, clima quente e úmido. Do Brasil, sabe-se da produção de ervas curativas.
Como o vinho, a qualidade do chá depende das condições de plantio, do tratamento dispensado às folhas, da colheita. Em relação às folhas, os chineses as classificam conforme a disposição em que se encontram no caule: as segundas e terceiras folhas ao redor produzem os chás mais delicados. Já o restante das folhas, bem maiores, produzem os chás de sabor mais amargo e menos nobres.
E as cores? Chás brancos, verdes e pretos. Os brancos – derivados das folhas branco-acinzentadas – são produzidos artesanalmente. Os verdes – manufaturados sem fermentação das folhas – são muito comuns na China, Japão e na Ilha de Formosa ou Ilha de Taiwan. Os pretos – resultantes de cinco etapas de fermentação – têm aroma delicado e o aspecto das folhas é que determina a sua classificação como de folha curta, preto de folha média e curta. As folhas é que caracterizam o chá como o preto de folha longa, originário da Índia do Norte, tipo vintage - bebido com limão – apresenta uma mistura refinada ao sabor de moscatel. Já o preto de folha longa, originário da China, tipo Prince of Wales – bebido com limão, leite ou puro – é considerado o “Borgogna” dos chás, vinhoso e suave. A folha e a origem também determinam o sabor de frutas – pêssego, uva, limão, laranja... A folha e origem determinam ainda o sabor do chá – picante, cítrico, queimado, delicado, forte, xaroposo, espumoso, perfumado, seco, amargo, doce, suave, áspero, metálico, mel, nozes, amêndoas.
Tão apreciado no Oriente, o chá chegou à Europa com os ingleses e holandeses que o descobriram ao percorrerem o Caminho das Índias à procura de especiarias e ouro, no século XVI. Entretanto, só se tornou popular na Era Vitoriana – 1837 a 1901.
Grande consumidora de chá, a Inglaterra não produz o chá que consome e aprecia como uma mania, ela importa folhas da Índia, China e Sri Lanka, antes Ceilão. Folhas estas que são beneficiadas por empresas tais como Twinings e Picadilly, assim como a França com a Maison Freres e Fauchon, desde o século XVIII.
E os blends?
Os blends – são misturas especiais de folhas, associadas a aromas de flores e frutas ao chá, flores como jasmim, rosa e frutas como framboesa, abricó, manga...
Aromatizado com mexerica, o Earl Grey está entre os blends preferidos dos ingleses, assim como o English Breakfast, um chá forte, mistura de folhas da Índia e do Ceilão.
Outro blend famoso pela preferência é o chinês Prince of Wales, o qual lembra o sabor do vinho e uma das misturas mais exóticas.
Chineses, tibetanos e japoneses têm maneiras diferentes de preparar o ritual do chá: os tibetanos, fervido, com gengibre, leite ou cascas de laranja; os japoneses, batido o matcha, servido em tigelas de porcelana. O matcha é um chá verde e espumoso. A cerimônia do chá acontece em silêncio – um preceito zen-budista – onde o horário é variado conforme as estações do ano, o local é sempre a cabana do chá, decorada somente com tatames e um arranjo de ikebama. Os convidados? Apenas cinco; os chineses preparam o chá em infusão, jogam a água fervente sobre as folhas do chá preto, verde ou semiferventado, sempre colocadas em uma pequena chaleira.
A preparação do chá, rigorosamente cuidada na Inglaterra e França, acontece três vezes ao dia: manhã, tarde e noite. A água sempre pura e neutra, com temperatura entre 95 e 98 graus, com tempo de infusão, também cronometrado, três a sete minutos. Os tipos de chá são também determinados. De manhã, chás mais fortes, tomados com leite, como o English Breakfast e Earl Grey; à tarde, chás aromatizados, suaves como o Vintage Darjeeling. Lembramos o famoso “chá das cinco”; à noite, chás mais adocicados e relaxantes, como pede o momento, tais como o Evening Tea e o Keemum.
A hora do chá é um verdadeiro ritual praticado pelos europeus. Os britânicos cuidam ritualmente do aparelho de chá, que, de prata ou porcelana, deve ser completo, isto é, bules para chá e leite, chávenas, xícaras, açucareiro, manteigueira e pratinhos para as fatias de limão e os acompanhamentos como geleias, petit-fours, pães frescos e o bolo inglês.
Em tempos atuais, além dos chás preparados à moda oriental ou europeia com ervas ou folhas, temos a praticidade de poder encontrá-los em forma de sachê. Não é interessante, em tempos de pandemia, no aconchego do lar, usufruir das ervas – folhas – que desintoxicam o organismo, aceleram o metabolismo, melhoram a digestão, têm ação diurética, ajudam na perda de peso... quente ou frio? Encontramos facilmente, vários tipos de chá como hibisco, gengibre, canela, cravo, cavalinha, oliveira, mate...
E os chás verde e branco? Esses chás, segundo a nutricionista Paula Castilho, são ricos em catequina – antioxidante poderoso – que atua no combate aos radicais livres e fortalece o sistema imunológico.
Temos ainda o moderno suchá – mistura de suco com chá – que ajuda no emagrecimento e que pode ser ingerido quente como chá ou gelado como suco.
E então, vamos tomar chá, bebida ideal para tempos de pandemia? Ideal por ser relaxante, estimulante e compartilhante. Compartilhe um chá com sua companhia no momento, pois o chá é apreciado principalmente com o coração!