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Valores e limites

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 05/02/2021 às 20:16Atualizado em 19/12/2022 às 05:01
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A sociedade é formada pelo povo porque existe nele a capacidade para criar vínculos comunitários e culturais. Significa que ela (a sociedade) não pode ser interpretada como uma mera soma de interesses populistas e desqualificação. Ali existem as organizações sociais, as ciências e as instituições que lhe dão sustentação dentro dos aspectos mítico e institucional, com a proteção da ordem pública.

A desorganização social limita a vida das pessoas porque os valores que contam são desprezados. Assim, tudo aquilo que é instituído acaba não tendo a tutela da organização civil, pois os laços de convergência ficam fragilizados. É o caso da família, por exemplo, ficar sem condição mínima de bem-estar por falta de segurança, de trabalho, de capacidade competitiva e de autonomia cidadã.

É fundamental a existência da organização da sociedade para que sejam evitados o isolamento e a impossibilidade de vida melhor. O bom samaritano (cf. Lc 10,33) teve que levar o ferido para um hospital. Ele sozinho não seria capaz de resolver o problema no momento. Significa que ideologias individualistas e interesseiras não têm eficácia para resolver os problemas das pessoas sofridas.

Os criadores de opinião, os meios de comunicação social e a propaganda política conseguem mudar o coração humano, os hábitos e o estilo de vida das pessoas e provocar uma cultura individualista, ingênua e fechada em si mesma para assim defender interesses econômicos egoístas e poder. A consequência maior é a fragilidade humana e a tendência constante para práticas egoístas.

A sociedade precisa reagir mediante as injustiças que a ameaçam para melhorar a qualidade das relações humanas. Para isso são necessários novos hábitos educativos, pensar a vida humana de forma mais integral e com sustentação espiritual. Ela não pode continuar submissa e refém dos constantes abusos praticados pelos poderes econômicos, tecnológicos, políticos e mediáticos.

Para aliviar um pouco o sofrimento de tantos excluídos da cultura moderna, necessitamos de uma economia que consiga diversificar a produtividade contemplada por criatividade empresarial para aumentar os postos de trabalho. A especulação financeira com ganância de lucro causa muitos estragos na sociedade, porque não coloca a dignidade humana no centro de suas ações.

Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba

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