Estimado leitor, com uma enorme expectativa, está previsto para estrear, em dois de abril de 2010, o esperado filme sobre a vida de Francisco Cândido Xavier, o nosso querido Chico
Estimado leitor, com uma enorme expectativa, está previsto para estrear, em dois de abril de 2010, o esperado filme sobre a vida de Francisco Cândido Xavier, o nosso querido Chico Xavier, o mais importante médium espírita depois de Alan Kardec. Na referida data, se vivo fosse, Chico Xavier completaria exatos 100 anos.
A película contará com a direção de Daniel Filho, um dos mais bem sucedidos diretores do cinema nacional. O não menos renomado ator Nelson Xavier, em função de sua enorme semelhança com o homenageado, dará vida ao médium na sua velhice. Na fase mais jovem, será vivido pelo ator Antônio Ângelo. Os dois atores já estiveram em Uberaba a fim de estudar melhor o personagem por eles representado.
Chico Xavier mudou-se para Uberaba em cinco de janeiro de 1959, quando começou o intenso trabalho de ajuda a todos os tipos de necessitados. Desempenhava, com muita disciplina, suas atividades mediúnicas em reuniões públicas na Comunhão Espírita Cristã. Paralelamente, o médium visitava lares carentes, levando-lhes assistência e conforto espiritual. Publicou mais de 400 livros espíritas, e os direitos autorais de sua obra ajudam inúmeras instituições de caridade.
Diante do grandioso exemplo de cidadania dado por Chico Xavier (importante dizer que o seu trabalho transcende qualquer esfera religiosa; antes de tudo, nele temos um modelo de cidadão), nada mais natural que sua biografia fosse parar nas telas do cinema.
Entretanto, mesmo vivendo mais de quarenta anos em Uberaba, muito provavelmente não teremos nenhuma cena gravada na nossa cidade. E é preciso dizer que a equipe de produção do filme bem que tentou. Esteve por aqui estudando lugares para possíveis locações, mas, infelizmente, a Uberaba de Chico Xavier não existe mais.
E não existe mais por uma razão muito simples: nosso patrimônio arquitetônico desapareceu; simplesmente, não foi preservado. Veja o tamanho da ironia: será filmada a vida do mais importante ex-morador de Uberaba, e a cidade que foi palco de seu trabalho corre o risco de não ser retratada em uma cena sequer.
Ainda segundo informações que obtive, na avaliação dos produtores do filme, não compensa assumir os altíssimos custos de produção ocasionados pela vinda de todos os equipamentos, os atores e os membros da equipe de filmagem para Uberaba se não há muito o que se filmar por aqui. Por isso, é provável que a produção do longa metragem opte por fazer as cenas externas em algum lugar do Rio de Janeiro, e as internas serão gravadas em estúdio mesmo.
A perda para Uberaba é dupla: ao desfazermos do nosso patrimônio histórico, abrimos mão da nossa história (e com ela, se vai, também, nossa identidade); ao perdemos as locações do filme sobre Chico Xavier, abrimos mão de colocar nossa cidade, de um modo muito positivo, em destaque no cenário nacional.
Doutorando em História e professor do Colégio Cenecista Dr. José Ferreira, Facthus e da UFTM