Já andei falando aqui desse personagem singular. Um irlandês chamado Malaquias
Já andei falando aqui desse personagem singular. Um irlandês chamado Malaquias, cuja vida ignoro. Apenas sei que escreveu um livro de profecias onde fala muito num tal de “perigo amarelo”. Os argumentos todos são para provar por A+B que esse perigo era a China.
Não acredito muito nesse tipo de coisas chamadas “profecias”, visões do futuro, predições, tarôs e coisas desse tipo, de coisas que vão acontecer e que já está decidido. Engraçad vão acontecer e eles já sabem? Não é maravilhoso? Se sabem das coisas, por que não jogam na Mega Sena?
Bem, voltemos à China. Aquela muralha lá deles, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, reflete a diferença cultural que separa aquela gente do resto do mundo, a começar pela língua que só eles têm coragem de aprender. Há poucos dias, um jovem me afirmou que o chinês será a língua do futuro. Como já sou idoso, não vou ter o prazer de me encontrar com alguém que sabe falar o mandarim. Português é muito mais fácil, principalmente agora que meia-dúzia de linguistas anda ensinando que o certo é escrever como o povo fala. O povo cria a linguagem, não os gramáticos, que são uns pedantes. Assim “os brasileiro pode escrever do jeito quêles quizer”. Isso é cultura. Não podemos ficar presos a essas regrinhas em nossa comunicação. “Liberdade é uma das coisa mais bunita própia do homes livre”.
Mais uma vez, vou voltar à China. Ainda não disse o que eu quero. Não faz tempo, comprei um guarda-chuva vistoso, enorme, capaz de me defender da chuva mais braba que vier. Oito reais. Um negócio da China, como dizia meu pai. Aconteceu que, na primeira chuva mais forte, com vento, o guarda-chuva virou do avesso. Era “made in China”, tentativa de mostrar suas boas qualidades. A partir daí, comecei a perceber que o comércio estava entupido desse tipo de mercadoria. Era muita coisa feita “in China”: lápis, relógio de vinte reais, camisa de seis, bonecas de cinco, um monte de badulaques ao alcance de qualquer orçamento. O jornal me dizia que o Brasil exportava alimentos, armamentos, minerais, carne, frango, tudo fiscalizado, de primeira linha. O Anderson vai exportar fosfato. E o que nos mandavam em troca? Joguinhos eletrônicos, cornetinhas de plástico, pandas de carinha triste (uma gracinha!). E tudo isso de péssima qualidade.
Foi aí que pensei no “perigo amarelo”. Como não entendo patavina de economia, de finanças, de balança comercial, de valores monetários, gostaria que alguém me ensinasse como funcionam essas coisas. Ninguém sai perdendo ou nem tudo nunca me foi revelado ou explicado?
(*) Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro