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Uberaba Sport Club

Padre Prata
Publicado em 17/04/2010 às 19:14Atualizado em 20/12/2022 às 07:01
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A manchete do Jornal da Manhã não podia ser mais fria: “Colorado libera Birigui e elenco”. Faz anos deixei de frequentar jogos de futebol. Foi mesmo por decepção. O Uberaba não era mais aquele de tempos atrás. Era um amontoado de jogadores desconhecidos, de “boleiros” que faziam contrato de quatro meses, perdiam jogos infantis, cumpriam seus contratos e partiam para outros times. Não havia mais aquele amor, aquela garra de outros tempos. Sei que é difícil manter um time no interior, principalmente quando o time está devendo não se sabe quanto e para quem. Os bastidores do futebol foram sempre um mistério.

Além de não ter se classificado, o Uberaba perdeu (ou vai perder?) seu estádio. Ignoro os motivos que estão por trás de tudo isso. O que sei agora é que existe um time de tradição e grande glória sem estádio e sem jogadores. USC hoje é um time “virtual”. Como dizia meu padrinho Bem Prata: “Está nas vascas da agonia”. Não sei bem o que significam “vascas”, mas não deve ser nada de bom. Nunca soube o que se  passava na cabeça do famoso e folclórico Bem Prata. Lembro-me apenas de suas tiradas com termos rebuscados fora de moda, às vezes também fora do contexto. “Os tempos estão obnubilados”, acrescentava socraticamente. Os horizontes estão escuros. Breu.

Eu tinha uns sete ou oito anos, quando, pela primeira vez, meu pai me levou para ver um jogo. Não me lembro de nada, apenas dos meninos empoleirados no bambual gigante do Ginásio Diocesano que fazia divisa com o estádio, tentando ver alguma coisa.

Na década de 37, Uberaba formou um grande time. Foi o melhor até hoje. Eram jogadores irregulares em outros times que vinham ganhar dinheiro que rolava fácil por aqui com a alta do zebu. Eram jogadores de alta categoria. Formavam uma seleção quase imbatível. Ganhavam quase todos os jogos: Corinthians, Santos, Palestra Itália, São Paulo. Lembro-me ainda de grandes jogadores como o Ayala (paraguaio), Lago (uruguaio), Yamond, Geraldino, Manja, Piolim, Virgílio e muitos outros. Dissolvido o time, aqueles jogadores ingressaram em grandes agremiações. Piolim e Virgílio formaram a zaga da Seleção Paulista.

Na década de 50 formou-se um time que deixou saudades. Quem não se lembra do Paulinho, do Tati, do Fausto, do Oliveira, Elpídio, Vilmondes?

Depois vieram outros times com altos e baixos, mas deixaram saudades. Disputamos várias vezes o Campeonato Mineiro. Vencemos o Cruzeiro no Mineirão com Tostão, Zé Carlos, Perfumo e outras feras.

São pedaços de memória que ainda servem de consolo. Apenas memórias. Pensar que Danilo Alvim (da seleção de 50) foi jogador e treinador do Uberaba. Romeu Peliciari  (meia-direita da seleção) vestiu a farda do Alvi-Rubro. E Zizinho (da seleção de 50), jogou por empréstimo contra o Rosário Central, da Argentina e ganhamos de dois a zero, dois gols de Paulinho. Vamos parar por aqui, mas não vamos nos esquecer. A memória é a alma da História.

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