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Transformação

Mais um ano que se vai... Alguns objetivos cumpridos, muitas propostas sem realizações

Terezinha Hueb de Menezes
Publicado em 01/01/2011 às 11:56Atualizado em 20/12/2022 às 02:21
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Mais um ano que se vai...

Alguns objetivos cumpridos, muitas propostas sem realizações, misto de frustrações e de esperanças.

O ano é novo? E o ser humano? Será capaz de desvestir-se da carcaça de suas fragilidades, de seus defeitos, de seus enganos? Será capaz de desfazer-se das peias do egoísmo, da inveja, do orgulho, da avareza? Será capaz de matar dentro de si o desrespeito ao pensamento do outro, à vontade do outro, às opções do outro? Será capaz de arrancar de seu íntimo o sentimento de ser o dono da verdade, na onisciência estúpida de que os outros são incapazes? Será capaz de ver as diferenças entre as pessoas e, vendo-as, sentir-se igual, nem melhor, nem pior, apenas diferente?

Pobre ser humano, na expectativa envolvida em enganos! Taças de champanha, brindes, cantos de boas festas, adeus ao ano que se vai, boas vindas ao ano que desponta, votos e votos que nunca deixam de ser feitos, fogos de artifício iluminando o céu, centenas de estrelas chovendo sobre os jardins, iluminando os semblantes esperançosos: o ano muda, a vida muda, as tristezas somem, as dúvidas se apagam, os desencontros transformam-se em abraços.

Momentaneamente, as mentes parecem paralisadas por emoções desencontradas, a respiração presa na garganta, à espera de pequenos e grandes milagres que hão de vir.

Ainda próximo, o Menino recém-nascido já se encontra esquecido na cabeça de muitos. Agora é novo tempo. Tempo de saudar as novidades que virão. Tempo de ver perpassar pelos rostos a brisa benfazeja de um futuro próximo, próspero e milagroso.

Pobre ser humano! Quanto engano! Quanta ingenuidade! Num átimo de segundo, vai-se um ano, inicia-se outro. Livra-se do velho, aplaude-se o novo. Mudança! Certeza de mudança!

E, como na Banda, de Chico Buarque:  “ Mas para meu desencanto/ o que era doce acabou/ tudo tomou seu lugar/ depois que a banda passou”, tudo ficará como antes: a ponte da vida não será atravessada, pois não há o que atravessar.

Será necessário, sim, que não o ano velho, mas o homem velho desvista suas roupagens de defeitos e envolva-se na vestimenta, não da perfeição, o que é impossível, mas de ações positivas – escoradas nas pequenas mãos do Recém-Nascido – conduzindo-o a um crescimento salutar que consiga, não apenas promover a própria transformação, mas também a transformação dos que o rodeiam.

(*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

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