Testes para o presidente Lula

Neste ano, o presidente Lula será submetido a testes decisivos no exercício do seu mandato.

Deve optar por confirmar o direito de asilo político ao terrorista Cesare Battisti, prestigiando o ministro Tarso Genro, ou cumprir a decisão do Supremo Tribunal Federal, devolvendo o homem para a Itália.

Tem que decidir, também, sobre a compra de aviões para a FAB, enfrentando uma divergência muito especial: ele, praticamente, já havia optado pelos aviões franceses, porém a FAB preferiu os aviões suecos.

E depois de assinar, sem ter lido, conforme já alegou, o Programa Nacional dos Direitos Humanos elaborado por sua equipe, está ouvindo as mais variadas queixas, de setores como os militares, igreja, agricultores e imprensa.

Há, ainda, a questão da vultosa dívida interna, que, conforme disseram os economistas, faz com que cada brasileiro, inclusive os que ainda vão nascer, seja devedor de mais ou menos dez mil reais.

Nem se cogitem reformas trabalhistas, previdenciária e política, que já não há tempo para enfrentá-las.

Vamos acompanhar os passos presidenciais na solução desses problemas e, ao final, veremos se ele é mesmo “o cara”, conforme disse Obama.

Esses são, sem dúvida, testes que exigem uma decisão delicada e, com certeza, qualquer decisão irá agradar a uns e desagradar a outros.

Outro teste significativo para o popular presidente: a eleição de seu sucessor, que até pode ser Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil. Sempre afirmam que “voto não se transfere” e várias eleições confirmam essa tese, uma vez que políticos populares nem sempre conseguem eleger o seu pupilo.

Lula fez a sua opção por Dilma e deve ter suas razões. A pré-candidata, inteligente e combativa, já tomou gosto pelo poder. Entretanto, nunca foi votada, o que pode dificultar o trabalho do presidente de torná-la sua substituta. Ora, se Lula conseguir a façanha de ela ser eleita, poderá ser rotulado o maior político de todos os tempos no Brasil. Teste perfeito para medir o peso político de um presidente.

Aguardemos os resultados e torçamos para que as decisões presidenciais sejam benéficas para o Brasil.

(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro