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Sonhos roubados

Dois dos seis que invadiram minha casa pela segunda vez eram menores

Marília Andrade Montes Cordeiro
Publicado em 18/04/2014 às 20:18Atualizado em 19/12/2022 às 08:09
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Dois dos seis que invadiram minha casa pela segunda vez eram menores.

E longe de pretender ser Madre Tereza de Calcutá, sinto imensa pena deles!

Por duas horas tive o desconforto de ver refletido em seus olhos reluzentes de ódio e droga a total desesperança, a completa carência de tudo. 

Olhos sem ideais, sem crença, sem vontade de sonhar um futuro. Olhos de desprezo por quem possui algo ou algum afeto. Olhos de inveja, de imensa tristeza e revolta.

Pobres crianças, filhas de lares desfeitos. Pobre geração que não chegou a conhecer o temor divino. Sim, porque o temor divino não se baseia num Deus vingativo, mas num Deus que, por amor, nos educa.

Assim como famílias devem ter como prioridade educar seus filhos, mesmo que isso às vezes exija um corretivo e uma reprimenda mais severos.

Por que, de repente, a educação se tornou tão complicada que, na ânsia de suprir prazeres e não causar traumas, deixamos de exigir dos filhos suas obrigações e disciplinas?

Educar nunca foi uma tarefa fácil! E nessa função divina sinto a ausência cada vez maior do papel fundamental da missão materna.

Tenho pensado que cabe a cada um de nós uma parcela de culpa pelo caos social que se instalou em nosso amado Brasil.

Lutamos tanto para criar filhos que se deem bem na vida, que sejam os melhores em suas atividades profissionais e em seu lazer, que se apresentem bem em seus contatos sociais, que sejam fisicamente perfeitos e, acima de tudo, que sejam versões melhores de nós mesmos, que acabamos sobrecarregando-os com excessos e gerando-lhes grandes frustrações.

Ou pior, às vezes os desprezamos por completo, sem assisti-los em seus dramas complexos e verdadeiros, de insegurança e medo diante de um mundo em completa transformação, em total desarmonia. Tudo isso, feito com a permanente desculpa de que nos ausentamos para melhor provê-los.

E a tão necessária esperança, fruto da autoestima e confiança, a bênção de acreditar em algo superior, que nasce frágil em seus corações, apaga-se antes de florescer.

Não estou dizendo que este mundo louco é apenas resultado da nossa ausência. Lógico que há uma conjunção de razões. O Estado também não anda cumprindo sua parte; o Judiciário precisa modernizar, e a droga está aí, desnorteando a nação!

E esses jovens também não são coitadinhos. Todos nós nascemos com a capacidade de escolhas e, mesmo em situações adversas, há aqueles que sabem escolher o caminho certo a trilhar. Se aqueles jovens erraram, têm que ser reprimidos e pagar pela suas escolhas.

Mas acredito que devemos deixar o comodismo de lado e participar efetivamente da nossa sociedade e da nossa família, essa célula sagrada.

Temos que agir, e rápido. Ainda há tempo de transformar o cotidiano de nossos jovens, de vigiar, de educar e de ensiná-los a “temer”.

Ainda há esperança! Mas não podemos esperar que outros comecem a fazer a mudança. E nem só o Estado. Cada um de nós deve se vigiar e começar a reeducação no ambiente de trabalho e, principalmente, doméstico. Educar é uma ação constante, contínua e eterna.

Ela deve acontecer primeiro em nós mesmos e depois ser disseminada por onde passarmos. Como uma refrescante brisa de amor! Que Jesus nos auxilie.

(*) Mãe de família

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