Para ir ao meu trabalho passo pela Univerdecidade quatro vezes por dia. Acompanho tudo. O mato que cresce e demora para ser podado; os buracos que reabrem pouco tempo depois de tampados pela Prefeitura e permanecem por meses a fio desafiando os motoristas e mostrando “a cara da cidade” para os visitantes. Conheço as curvas de cor, os radares que vira e mexe teimam em colocar por lá; as placas de sinalização, por vezes loucas, indicando dois limites de velocidade no mesmo local... Enfim, é o meu caminho da roça.
Em assim sendo, acompanhei a demorada construção do CentroPark (Centro Olímpico), sua inauguração e entrega à população uberabense.
Nessa época, li nos jornais locais que a obra tinha custado 6,7 milhões aos cofres públicos, com recursos da União e do Município.
Olhando de fora e passando na porta todos os dias, ficava imaginando que, por dentro, o ginásio deveria ser suntuoso, já que a parte externa não aparentava ter custado tanto. Tive a oportunidade de conhecê-lo por dentro por ocasião do Circo da China. Saí de lá deprimida. Primeiro porque o acesso é através de uma escadinha mínima, no canto das arquibancadas, por onde ou enfrentamos a fila para descer e subir, ou nos arriscamos a dar o passo maior que as pernas, indo pelos distantes degraus da arquibancada.
Para sair, preferi uma única saída térrea, mas me informaram que por lá a volta era enorme em torno do estádio e que o melhor caminho era mesmo pelas escadas. As saídas de emergência estão localizadas no topo das arquibancadas. Que lástima! O banheiro feminino sem água, torneiras quebradas, um descaso.
E tudo isso ao custo irrisório de 6,7 milhões, conforme divulgado pelos jornais da cidade.
Mas valeu o espetáculo que fui assistir, com performances de chineses e chinesas jovens, que treinam constantemente e se arriscam para ganhar a vida. Senti falta de uma coisa que todo circo tem: os palhaços. Mas aí pensei, pra quê?
Os palhaços... somos nós.
(*) Economista