Será que estou ficando pessimista?

 Já escrevi mais de uma vez aqui neste canto de página  que as criaturas humanas, dotadas de razão, estão cada vez mais mal-educadas. Talvez a minha idade traga esse ressentimento. Será que estou ficando um velho chato? Que Deus me livre deste castigo. Exerço contínua vigilância sobre minhas reações, mas há certas horas que não dá.

Hoje, lendo Paulo, fiquei admirado com um de seus conselhos aos cristãos de uma pequena comunidade: “Que vocês sejam hospitaleiros”, isto é, que vocês sejam acolhedores, compreensivos, tolerantes. Tudo isso para dizer que vocês sejam “educados”. Isso foi dito há dois mil anos. Quer dizer que o mal é antigo.

Ser educado é uma questão de cultura. É bom recordar que “cultura” não é quantidade de conhecimentos, não é falar muitas línguas, saber um monte de coisas. Não é isso. Cultura é “cultivo” interior, formação moral, sentido de responsabilidade. Todos nós conhecemos pessoas simples, sem diploma nenhum, semi-analfabetas, mas dotadas de uma riqueza interior de fazer inveja. São pessoas “hospitaleiras”, no sentido paulino. Pessoas que nos encantam. Elas nos fazem crescer interiormente.

Com o tempo, descobrimos que o nosso valor não se mede pela nossa condição social, pelos nossos conhecimentos, pela nossa profissão, pela nossa origem familiar, pela nossa riqueza. Todos nós conhecemos pessoas instruídas que não têm educação. São pessoas agressivas. São vingativas. Têm prazer em humilhar os outros. São mal cultivadas. Não têm compaixão. Não têm hospitalidade. São pessoas grosseiras. Todos nós conhecemos padres grosseiros que tratam o Povo de Deus sem a mínima caridade. Conhecemos médicos mal educados que não têm o menor carinho com os pobrezinhos.

Conhecemos advogados arrogantes e assim por diante, funcionários públicos, professores, políticos, todos de uma pobreza interior de espantar. Ninguém gosta de ser maltratado em particular muito menos em público.

É sempre gratificante tratar com pessoas educadas, interiormente bem formadas. Elas nos enriquecem. Ao lado delas crescemos interiormente. Criam clima de paz. Transmitem o bem para dentro de nós. Todos nós conhecemos gente assim. Mas, em compensação, há outras que azedam nossas vidas, são fontes de clima negativo, envinagrados, entristecem nosso interior e “estragam” nosso dia.

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