Deixemos que se transporte, nesta hora de recordações, nosso pensamento àquela cidade de Nazaré, na Judéia. Ali, entre as ruas pobres, encontramos uma casa paupérrima
Murilo Pacheco de Menezes
Deixemos que se transporte, nesta hora de recordações, nosso pensamento àquela cidade de Nazaré, na Judéia. Ali, entre as ruas pobres, encontramos uma casa paupérrima, sem conforto e esquecida dos homens. É uma casa de bairro, mas que encerra, em sua pobreza taperal, a jóia mais rica, a pérola mais brilhante do tempo e do espaço, para enfeitar a eternidade.
Seis horas. Nossos pensamentos adejam sobre aquela casinha de Nazaré. Seis horas. Os raios amortecidos do sol se perdem na imensidão do espaço. A sombra da noite aproxima-se vagarosamente da superfície terrestre. A sombra da lembrança e a penumbra da saudade anuviam lentamente o coração de uma Virgem de quinze anos que, pobre e santamente, habita aquela choupana judaica. Virgem de quinze anos! Seu nome, Maria.
Absorta nesta nuvem de santos e puros sentimentos, lembra-se de Deus, tem saudade do céu. Orou. Absorta em suas contemplações e enquanto medita os mistérios divinos, presente no enlevamento de sua alma, preliba o gozo celeste.
O esplendor de uma luz aliciante resplandece na face meiga e adorável daquela Virgem. Ela, estupefata, olha e vê, envolvida nesta inesperada luz, a figura imponente de um ser majestoso que, em palavras angelicais, a saúda: Ave-Maria!
É o anjo Gabriel. Sua missão, anunciar-lhe a dita indescritível e transcendente da concepção divina do Redentor.
Maria julga-se pequena para tão grande graça. Mas, daquele momento em diante, torna-se a Mãe do Salvador, a co-redentora do gênero humano.
Deu-nos Maria o Salvador! Que seria de nossas almas sem Jesus?! Como teríamos Jesus sem Maria?
Consideremos a eminente missão de Maria e sua elevadíssima benevolência para conosco. Permite seu coração seja trespassado com o punhal cruciante da terrível dor do Calvário, unicamente para sermos libertos das algemas infernais e conduzir-nos triunfalmente para a glória imortal da eternidade.
Pensemos, amiudadas vezes, na grandeza de seu coração e, penitentes e arrependidos de nossas indiferenças para com esta Mãe terníssima, corramos ao seu Divino Coração, implorando sejam perdoadas nossas ingratidões, esquecidas nossas faltas, purificadas nossas almas, para que possamos “in aeternum” dignamente proferir: Ave-Maria!
NOTA: Crônica extraída do livro Murilo Pacheco de Menezes: o homem e seu legado, publicada em homenagem a Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, cuja festa comemoramos ontem, dia 27.