Li, e não sei de quem é: “O mundo não deixará de girar porque você chora, tem problemas ou foi seriamente magoado. O tempo não para e não espera por ninguém
Li, e não sei de quem é: “O mundo não deixará de girar porque você chora, tem problemas ou foi seriamente magoado. O tempo não para e não espera por ninguém. Mas nos dá uma chance ímpar: a de lutar.”
Acredito eu que todo ser humano, quando passa por problemas, sente-se como que parado no tempo e no espaço. Parece que tudo perde o sentido; e o que a pessoa quer, nesses momentos de dificuldade, é entregar-se à própria sorte, abandonando amizades, projetos e objetivos. É a entrega total...
Mas, de repente, vemos à nossa volta pessoas queridas que, muitas vezes, dependem emocionalmente de nossa atenção, de nosso carinho, de nossa força. Então, da própria fragilidade, somos obrigados a arrancar fortaleza. E passamos a acreditar que, apesar dos nossos problemas, ainda somos capazes de nos preocupar com os problemas do outro e, na preocupação, conseguir encontrar caminhos. Em momentos assim, ainda que com dificuldade, muitas vezes as palavras que proferimos, os conselhos que externamos, os exemplos que invocamos, tudo isso pode soar como alento para quem precisa. O mais importante: a ajuda ao próximo, na maioria das vezes, termina por se transformar em ajuda a quem ajuda. É a permuta que, na solidariedade, transforma-se em crescimento pessoal.
Queiramos ou não, a vida é esta roda-viva que nos arrasta em seu bojo e não nos permite descansar. Se paramos, outros param; se desanimamos, outros desanimam.
As dores, as decepções, as perdas, essas são irreversíveis: nada substitui os vazios que a vida sulca em nosso interior. Nada consegue cicatrizar as mágoas espalhadas pelo caminho da existência. Mas existem filetes de luz – vindas, com certeza, do imenso clarão divino – que nos impelem a lutar sempre.
É preciso seguir adiante. É preciso arrancar flores que permeiam a seara de espinhos, ainda que correndo o risco de ferir as mãos nesta peleja.
São Francisco de Assis nos passa a grande liçã “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.” Não é fácil ser instrumento da paz, muito menos daquela paz que emana dos ensinamentos divinos. Isso porque, para que possamos ser caminho que conduza à paz, precisamos inspirar, aos que nos rodeiam, a paz que deve sempre irradiar-se de nosso interior, manifestada em nossas palavras e atitudes: paz, porém, sem que percamos o espírito de luta, a determinação diante da vida, ainda que tenhamos o coração tomado pela tristeza. Nesse caso, partilhemos a tristeza com a alegria daqueles que amamos e que estão à nossa volta, sem permitir que naufraguemos.
(*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro