O médico cooperado da Unimed Uberaba, Marcelo Bilharinho, destaca que a depressão é uma doença grave, multifatorial e sistêmica. (Foto/Divulgação)
O Brasil apresenta um aumento na incidência de casos de depressão, com 11,3% dos brasileiros relatando ter recebido um diagnóstico médico da doença. Para o médico psiquiatra cooperado da Unimed Uberaba, Dr. Marcelo Bilharinho, o quadro ocorre devido à dificuldade de acesso a serviços públicos de qualidade, forte estigma social, escassez de profissionais de saúde mental, más condições de trabalho da população e ausência de um protocolo de atendimento.
Na América Latina, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão e, nas Américas, perde apenas para os Estados Unidos. Bilharinho explica que a depressão é um transtorno mental, mais especificamente um transtorno do humor. “É uma das maiores causas de incapacidade laboral, ou seja, a impossibilidade de um trabalhador desempenhar as suas funções profissionais devido a alterações físicas, psicológicas ou fisiológicas”.
De acordo com o especialista, os principais sintomas são: humor depressivo (tristeza frequente) e anedonia (incapacidade de sentir prazer). Ele ressalta que 80% das pessoas com depressão têm ansiedade associada, e a ansiedade, por sua vez, causa irritabilidade. Observa que vários outros sintomas podem ocorrer, como o aumento ou diminuição do apetite, aumento ou redução do sono, pessimismo, sentimento de culpa, comprometimento cognitivo, etc.
A perda de vontade de estar em eventos festivos e o isolamento podem ocorrer na depressão, mas, segundo o psiquiatra, é preciso investigar outras patologias que podem causar esses sintomas, como por exemplo a esquiva fóbica de situações presente em alguns transtornos de ansiedade. Para a redução desses números alarmantes, o médico entende ser necessário aprimoramento da saúde geral, das condições sociais e da segurança pública. “É necessário também melhor estruturação dos serviços de saúde mental.”
O médico cita alguns exemplos que podem ser gatilhos para a depressão: uso de álcool e drogas ilícitas, estressores sociais como por exemplo perda de emprego, morte de ente querido, separação conjugal, doenças clínicas e a principal recomendação para quem sofre da doença é procurar ajuda especializada. A Unimed Uberaba, de acordo com ele, dispõe de recursos valiosos para abordagem da depressão como: médicos psiquiatras e, ainda, unidades onde são realizados exames laboratoriais e de neuroimagem fundamentais para diagnóstico diferencial”.
O principal instrumento para detecção da depressão ainda é a avaliação do especialista, garante o médico, acrescentando que uma anamnese bem feita ou seja uma boa investigação do histórico do paciente feita por um profissional conhecedor da psicopatologia. “Não se fala em cura para a depressão, mas sim controle clínico”, comenta. Alguns podem apresentar um episódio depressivo que, bem tratado, pode não reaparecer, “mas, infelizmente, a grande maioria dos casos é recorrente e exige acompanhamento constante”. Ele reforça que a depressão é uma doença grave, multifatorial e sistêmica, envolve fatores genéticos, ambientais, psicológicos, neuroquímicos, hormonais e inflamatórios. “O estigma e o preconceito precisam ser superados e a busca por ajuda deve ser o mais rápido possível”, finaliza.