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Quem seremos após a pandemia? Ao tirar a máscara de proteção, que imagem será refletida no espelho? Como seremos com novo normal? Questionamentos que apontam para uma perda de iniciativa e até mesmo de identidade, segundo avaliam especialistas.
As máscaras usadas para proteção contra o novo coronavírus, obrigatórias para circulação nas ruas e também em outros ambientes, podem contribuir para a perda de noção do “eu”. “O homem é um ser social, as pessoas, por mais que se escondam no dia a dia, ainda assim circulavam e tinham que enfrentar as adversidades do cotidiano. Agora, mascaradas e limitadas, perderam a identidade, a noção de ‘eu’ e até a iniciativa. Quando essas máscaras forem retiradas, quem será que vamos encontrar por baixo delas? Será que a mesma pessoa ou será outra?”, aponta a psicóloga Ilcéa Borba Marquez. A profissional faz um paralelo com a peste negra, que matou milhares de pessoas entre os anos de 1347 e 1351. Cidades fecharam as fronteiras e as pessoas só puderam se reencontrar quando a doença tinha sido dizimada. “Segundo o autor do livro A Peste, Albert Camus, quando as pessoas se reencontraram, era uma alegria sem fim, mas também estavam travestidas de medo, porque não sabiam quem era verdadeiramente o ser que voltava. Assim como lá, nós mudamos e estamos em mudança. Pode parecer bobagem e nós não percebemos, mas não sabemos quem vai voltar para o novo normal”, explica a psicóloga. A inércia também pode levar aos transtornos de personalidade. “O ócio pode, sim, levar as pessoas à falta de iniciativa, o que pode ser prejudicial, porque podemos nos tornar uma sociedade de acomodados, apáticos, ainda mais ansiosos e deprimidos”, conclui.