Participando, no último fim de semana, do Simpósio Inserção da Espiritualidade e Religiosidade...
Participando, no último fim de semana, do Simpósio Inserção da Espiritualidade e Religiosidade no Cuidado Integral à Saúde, realizado no último sábado pela Associação de Médicos Espíritas/UFTM, senti-me tentada a utilizar meu espaço para partilhar um pouco do que discutimos.
Penso ser importante iniciar pela atual definição de saúde. Segundo a Organização Mundial de Saúde, estar saudável significa muito mais do que não estar enfrentando nenhuma doença. Significa, sim, desfrutar de bem-estar físico, mental, social e espiritual.
A outra e grande novidade contida em tal definição é a inclusão do aspecto espiritualidade como fator de sanidade, porque, se até bem pouco tempo Fé e Ciência eram consideradas como incompatíveis, hoje inúmeras pesquisas científicas comprovam justamente o contrário.
Penso caber aqui o esclarecimento de uma confusão que muita gente faz, a ponto de usar como sinônimas as palavras espiritualidade e religiosidade.
Religiões existem muitas, espiritualidade é só uma.
A religião tem estrutura hierárquica definida, enquanto a espiritualidade tem estrutura de círculo e ninguém é tido como mais importante. Se a primeira cria instituições e é parte da Psicologia das Massas, a segunda é individual e permite o questionamento de alguns ritos, dogmas e estruturas.
Algumas religiões pregam que o paraíso e a glória são sonhos para o futuro; a espiritualidade afirma que eles podem ser encontrados aqui e agora.
As primeiras se fecham na separatividade, que pode levar até às guerras. A segunda aceita a diversidade e promove a Paz e união entre os diferentes.
Religião pode oprimir e infundir o medo que aprisiona e adoece. A espiritualidade imprime a confiança que liberta e amplia horizontes.
Se a religião cria gurus, prega adoração e renúncia do mundo, a espiritualidade, por sua vez, valoriza a meditação, o viver em harmonia com esse mesmo mundo e a importância de ser, mais do que fazer...
Ser religioso nem sempre significa ser espiritualizado e ser espiritualizado não significa, necessariamente, ser religioso. Conheço pessoas que não se casaram em igreja e nem batizaram seus filhos e, no entanto, dão um banho de Ética, Cidadania, Respeito e Amor ao próximo.
Para concluir, que fique claro que não tenho nada contra as religiões, desde que elas tenham clareza dessas diferenças e convidem à fé raciocinada, que levem à compreensão dos próprios erros e ao desejo de evoluir sem culpa.
Que ensinem a ver o que há de Sagrado na criação e nas criaturas, que valorizem a gratidão e a contemplação.
Só assim, quando a religião não se desvia de sua função de religar o homem a Deus e o ensina a cultivar sua própria espiritualidade é que ela contribui, dentro do conceito que iniciamos discutindo, com a nossa saúde integral...