Como abordado na coluna da semana passada, o sistema muscular esquelético, ou seja, aquele associado aos ossos com fundamental importância na nossa locomoção e movimentação, parece ser altamente susce
Ortopedista, Especialista em Medicina Esportiva e Regeneração Tecidual • Diretor do Instituto de Pesquisas em Medicina Esportiva, Ortopedia e Regeneração (IMOR) www.institutomor.com.br
Sarcopenia: como combatê-la?
Como abordado na coluna da semana passada, o sistema muscular esquelético, ou seja, aquele associado aos ossos com fundamental importância na nossa locomoção e movimentação, parece ser altamente susceptível aos desafios impostos pelo envelhecimento. É possível observar, com o avançar da idade, uma diminuição progressiva da massa, força e qualidade muscular, fatores que caracterizam a sarcopenia.
Acredita-se que a principal causa da sarcopenia esteja no envelhecimento natural das estruturas do corpo. Associa-se a isso a influência de fatores hormonais, nutricionais, metabólicos e imunológicos, que também são alterados com o envelhecimento. Dentre eles podemos destacar pelos estudos atuais a deficiência de vitamina D (uma verdadeira epidemia). Se não controlados, a evolução desses fatores e da sarcopenia pode levar o indivíduo a uma condição de total dependência e incapacidade física, por não conseguir desempenhar funções simples como se higienizar e se alimentar.
Apesar de ser uma consequência natural da idade, o sedentarismo ou desuso dos músculos ao longo da vida certamente fazem com que os efeitos da sarcopenia sejam sentidos mais cedo e se agravem rapidamente, com a diminuição da velocidade do movimento, da força e da propriocepção.
Diversos estudos têm apontado a prática de exercícios físicos como a principal arma contra a sarcopenia, podendo retardá-la ou até mesmo evitá-la, diminuindo os efeitos sentidos pelo idoso. Os programas de atividades voltados para a melhora da sarcopenia envolvem principalmente exercícios com carga (peso), que irão exigir do músculo maior força
e desempenho.
Estudo recente avaliou dois grupos de idosos com mais de 65 anos: um deles foi submetido a um programa de treino com carga, para o fortalecimento muscular, durante 3 meses, enquanto o outro não realizou nenhuma atividade física durante o período. Ao contrário deste segundo grupo, o primeiro apresentou, em 3 meses, melhora significativa na força dos membros inferiores e o desempenho durante a caminhada. Em outro estudo, pacientes com média de 87 anos apresentaram ganho de força muscular de 125%, após um treinamento de força com duração de 10 semanas, enquanto o grupo considerado sedentário apresentou perda de 3%. Esse ganho de força muscular foi observado na maior facilidade em subir e descer escadas e se exercitar, além de maior velocidade ao caminhar.
O ideal é manter a regularidade na prática de exercícios físicos ao longo da vida, lutando sempre contra a diminuição do ritmo que é natural com o avanço da idade. No entanto, como se pôde perceber, pesquisadores têm mostrado que mesmo idosos que foram sedentários durante a juventude e a idade adulta podem ter uma melhora significativa no desempenho físico com a prática de exercícios iniciada já na terceira idade.
Algumas doenças associadas à sarcopenia, como a obesidade e o diabetes, podem agravá-la ou ser agravadas por ela. Isso porque o metabolismo do açúcar e da gordura estão intimamente relacionados com a atividade muscular, e o desequilíbrio em qualquer um desses sistemas pode acarretar prejuízo ao outro. A associação de uma alimentação adequada, suplementação, reposição de minerais e vitaminas essenciais deve ser sempre abordado em conjunto. Dessa forma, a adoção de hábitos saudáveis na nossa rotina, que envolve a prática de exercícios físicos e atividades sociais e intelectuais prazerosas, atuará beneficamente tanto para o controle do peso e da glicemia como para a melhora no quadro de sarcopenia, com resultado certo na melhora da qualidade de vida do idoso.
Referências
Almeida, FMF. Sarcopenia: será uma inevitabilidade do envelhecimento ou consequência do desuso? Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Monografia do curso de Licenciatura em Desporto e Educação Física. 2009.
Roubenoff R. Sarcopenic Obesity: The Confluence of Two Epidemics. Obesity Research. 2004 Jun;12(6): 887-8.