ARTICULISTAS

Saber viver é uma arte

Quase todos nós, vez por outra, nos queixamos do dever irremediável de fazer o que a gente não gosta.

Padre Prata
Publicado em 04/03/2012 às 14:50Atualizado em 17/12/2022 às 08:43
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Quase todos nós, vez por outra, nos queixamos do dever irremediável de fazer o que a gente não gosta. Às vezes, o dever toma ares de despotismo, guiando nossos passos a contragosto. Nem sempre é leve e agradável o cumprimento do dever. É cansativo e massacrante a obrigação de fazer as mesmas coisas todos os dias. Estranho o modo de agir daquelas pessoas que fazem sempre as mesmas coisas por prazer. Pior ainda me deixa uma interrogação o comportamento daqueles que gostam de não fazer nada.

Penso na aposentadoria. Pode ser um tédio intolerável ou pode ser uma libertação. Tudo depende da cabeça do aposentado. Não é nada ruim acordar de manhã cedo e não pensar em sair correndo para o trabalho. Sentir que não é mais escravo do relógio. É tranquilizante conversar com Deus no silêncio intocado da madrugada. Ouvir música suave. Ler os livros que se quer. Ler poesias. Tomar um banho morno e sair sem rumo e passear pelas ruas; encontrar-se com os amigos. Na praça há sempre um banco vazio para jogar conversa fora. Olhar as casas, observando detalhes ainda não percebidos. Ver as árvores, os pássaros, ler os cartazes. Enfim fazer o que a gente gosta. Esquecer as salas de aula, o escritório, o balcão, a cara amarrada do patrão. Passar um “XIS” vermelho, bem grande, em cima das antigas obrigações. Não receber ordens de ninguém. Se você tem netos, “perder tempo” em brincar com eles, em livrá-los às escondidas dos cuidados paternos. Dizem que os avós deseducam os netos. Não é verdade. O que é verdade é que os idosos adquirem um sentido lúdico da vida que os fazem aproximar-se das crianças. Os idosos são mais sensíveis. Ou mais sábios? Caminhar feliz procurando fazer com que os outros também sejam felizes. Viver com alegria é um dom de Deus. Caminhar para Deus com alegria.

Desconheço o autor. Só sei que é um sábi “Irei para Ti, ó meu Deus, e Tu me darás o Teu rosto. Irei para Ti com o meu mais louco sonh levar-Te minha vida em meus braços. Irei para Ti e gritarei em voz bem alta, toda a verdade de minha vida na terra. Gritarei para Ti o meu brado que vem do fundo do coraçã Pai, me perdoa e abre para mim a porta de Tua Casa.”   

   

Padre Prata

Membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

 

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