Vivo sonho sigo em frente, fome como assusta a gente.
Torço coração aguente, saio à lida devorar.
Franco encontro com a tristeza, desço a lassa tirolesa.
Só suplico à realeza, nossa brida rebentar.
Deus me arrasta, fora à casta. Pai me afasta a provação.
Trégua à angústia, sina espúria. Faça jus à criação!
Vem me afaga, vem me aclara, vem à luz da salvação.
Qual a zanga, qual a sanha, não me pene assim em vão!
Brigo, luto, persistente, corpo com ação valente.
Frente o embargo estridente, rasgo a vida recobrar.
Preso ao fardo da pobreza, enfadado à correnteza.
Rogo face à profundeza, fundo escuro lumiar.
Deus me arrasta, fora à casta. Pai me afasta a provação.
Trégua à angústia, sina espúria. Faça jus à criação!
Vem me afaga, vem me aclara, vem à luz da salvação.
Qual a zanga, qual a sanha, não me pene assim em vão!
Quis adormecer, esmorecer, fronte do fim.
Se, por merecer, faz tão valer ares jasmim.
Fiz enternecer, a dor trazer, fulgor em mim.
Me esplandecer, embelecer, som de Japim.
Vou remanescer, alvorecer flores, jardim.
E revivescer, me conceber frutos enfim.
(Letra da música Rogação, de minha autoria, em parceria com o grande músico Guto Hueb, que tem muito a ver com o momento que estamos vivendo. Breve, se Deus permitir, estará nos festivais de música pelo Brasil.)
Fernando Hueb de Menezes - Cirurgião-dentista, professor e pesquisador da Universidade de Uberaba - E-mail: [email protected]